Londres, 3 dez (Xinhua) -- Os líderes de alguns membros-chave da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) continuaram na terça-feira disputando pela aliança na véspera de seu aniversário de 70 anos.
Diferenças de opiniões e críticas preparam o cenário para a sessão principal de quarta-feira, quando líderes de 29 países da Europa e da América do Norte se juntam para debater os planos futuros da OTAN.
A França e os Estados Unidos lideraram os ataques verbais em torno do evento em meio ao clima frio de Londres e a aparente ausência de acordos amigáveis.
O presidente dos EUA, Donald Trump, publicamente discordou do presidente francês, Emmanuel Macron, por descrever a OTAN como "morte cerebral".
Macron disse que manteve suas observações originais, apesar de reconhecer as críticas de Trump de que alguns aliados da OTAN não suportaram sua parte justa do custo financeiro da operação da aliança de defesa transatlântica.
"O presidente Macron disse que a OTAN estava com morte cerebral. Acho isso muito ofensivo. Fiquei muito surpreso", disse Trump em uma reunião de jornalistas internacionais.
"É uma declaração difícil, mas quando você faz uma declaração como essa, é uma declaração muito desagradável para 28 países. Você não pode fazer declarações como essa sobre a OTAN. É muito desrespeitoso", acrescentou ele.
O Daily Telegraph, um jornal nacional sediado em Londres, disse que Trump e Macron estavam jogando farpas por toda a semana.
O Times disse que Trump também desprezou outros parceiros europeus, repreendendo a Grã-Bretanha e a Alemanha por não recuperar combatentes estrangeiros da Síria.
As críticas de Trump também se voltaram para a Alemanha, vizinha da França. "Os Estados Unidos estão pagando 4,3 por cento de um PIB muito maior. A Alemanha está pagando 1,3 por cento de um PIB muito menor e isso não é justo", disse ele.
A OTAN "ainda tem muitos delinqüentes que não pagaram integralmente", em referência aos estados membros que não pagam a "taxa de associação" recomendada, que Trump disse que deveria ser aumentada para 4 por cento.
O Times disse que a Grã-Bretanha, como anfitrião, esperava que a reunião da OTAN nesta semana fosse realizada sem que as divisões internas da aliança entrassem em erupção.
Novos desafios estavam sendo enfrentados e havia necessidade de adaptação, afirmou o secretário de Defesa da Grã-Bretanha, Ben Wallace, em um discurso na terça-feira.
"A OTAN está agora analisando as maneiras pelas quais novas e emergentes tecnologias continuarão mudando o cenário de ameaças, de mísseis hipersônicos, reduzindo nosso tempo de tomada de decisões diante de um ataque, até a computação quântica, potencialmente tornando a criptografia atual obsoleta", disse Wallace.
"Manter nossa vantagem tecnológica é a única maneira de evitar a obsolescência e cumprir nossa promessa mais importante que é manter nosso povo seguro", acrescentou ele.
O secretário-geral, Jens Stoltenberg, rejeitou na terça-feira a sugestão que a OTAN esteja sofrendo um declínio terminal. "A OTAN está ativa, a OTAN é ágil, a OTAN está se adaptando", disse Stoltenberg. "Acabamos de implementar o maior reforço da defesa coletiva desde a Guerra Fria".
A família da OTAN se mudará para Watford, norte de Londres, na quarta-feira para realizar uma reunião de cúpula, onde haverá um anel de aço e alta segurança para proteger os participantes, na sequência de um ataque terrorista mortal perto da Ponte de Londres na semana passada.
"A maioria aceita que este evento estará longe da alegre festa de aniversário de 70 anos que estava inicialmente prevista", disse o Times em um comentário.