A autora norte-americana Toni Morrison, cujo romance de 1987 “Beloved” sobre um escravo foragido ganhou o prêmio Pulitzer e contribuiu para um currículo que a tornou a primeira mulher negra a conseguir o prêmio Nobel da literatura, morreu aos 88 anos de idade.

Paul Bogaards, um porta-voz da editora Alfred A. Knopf, anunciou a morte da escritora mas não revelou os detalhes da causa. O Washington Post disse que ela morreu na segunda-feira em um hospital nova-iorquino.

Morrison foi um sucesso comercial e crítico, granjeando elogios pela sua escrita vívida e lírica e por abordar questões de raça, gênero e amor na sociedade americana.

 “Beloved” passa-se durante a guerra civil americana e é baseado na história verídica de Sethe, uma mulher que matou a filha de dois anos para a salvar da escravidão. A mulher foi capturada antes de conseguir matar-se e o fantasma da criança passou a visitar a mãe.

Morrison disse à revista NEA Arts em 2015 que já tinha escrito um terço do livro antes de decidir incluir o fantasma para abordar a moralidade da decisão da mãe matar a criança.

O New York Times qualificou a cena da morte como “um evento tão brutal e perturbador que parece fundir o tempo antes e após a cena como uma única linha de destino. Ele irá destruir o sonho de uma família de segurança e liberdade; irá assombrar uma comunidade inteira por gerações e... irá reverberar nas mentes dos leitores muito depois de terminarem de ler o livro”.

A história foi adaptada à sétima arte, contando com Oprah Winfrei, que o co-produziu, e Danny Glover. Winfrey foi uma das maiores fãs de Morrison e incluiu 4 dos seus livros na rábula dedicada à literatura do seu talk show.

O romance foi parte de uma trilogia que Morrison disse que abordava o amor através da perspetiva da história dos afro-americanos. “Jazz”, publicado em 1992, fala sobre um triângulo amoroso durante o renascimento Harlem em Nova Iorque nos anos 20, e o terceiro, “Paradise”, publicado em 1997, conta a história de uma mulher em uma pequena vila, maioritariamente habitada por negros.