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Perseverança ao ombro: a história de um carregador no monte Tai

Fonte: Diário do Povo Online    16.07.2019 10h30

 

Todos os dias, 24000 passos e 50kg, esta é a rotina de Geng Yukui. Ombreando dois baldes de ovos e vegetais, Geng sobe todos os dias ao topo do monte Tai.

Com 53 anos de idade, Geng é um dos carregadores do monte Tai, situado na província de Shandong. A sua viagem diária implica mais de 6,000 escadas entre os dois portões – Geng tem de subir mais de 24,000 escadas diariamente, um trabalho que já faz há mais de 30 anos.

“É trabalho duro, mas estou habituado a isso e adoro a minha profissão”, diz, sorridente, referindo que o seu trabalho lhe dá liberdade e lhe traz orgulho.

Geng tem motivos para estar orgulhoso de si, dado que o seu trabalho como carregador não só é parte do cenário do monte Tai, mas também um símbolo do espírito da nova era do país.

Em 2018, o presidente Xi Jinping destacou o espírito dos carregadores do monte Tai durante uma inspeção à província de Shandong, apelando aos oficiais e ao público para se tornarem os “carregadores do monte Tai” na nova era, com perseverança e bravura.

“O espírito dos carregadores, aos meus olhos, representa a dedicação, perseverança, ausência de medo de dificuldades e dor”, afirma.

“Faça chuva ou faça sol, nunca paramos de trabalhar. No inverno, trabalhamos a temperaturas de -30 graus centígrados, no verão, subimos a montanha mesmo que a chuva torrencial inunde o caminho”.

Os esforços dos carregadores surtiram efeito. Hoje em dia, dezenas de hotéis e restaurantes despontam no topo da montanha, à medida que os carregadores fazem a entrega dos bens necessários ao quotidiano.

Turistas de todo o mundo sobem o caminho da montanha, pavimentado ao longo de 2,000 passos e construído por cerca de 300 carregadores, pedra por pedra, ao longo de um ano inteiro.

No entanto, com o desenvolvimento tecnológico, especialmente com a chegada dos teleféricos em 2003, a carreira outrora popular está em vias de extinção. “Há 20 anos atrás, a nossa equipa tinha 300 pessoas, agora somos apenas 19”, diz Zhao Pingjiang, um carregador reformado de 69 anos, o mais ancião no monte Tai.

“Os que restam têm todos cerca de 53 anos, por isso, em 5 ou 6 anos, iremos reformar-nos. Poucos jovens escolhem este trabalho”, disse Geng com tristeza, temendo ser parte da última geração desta profissão.

Os carregadores, diz Geng, já se tornaram parte do cenário do monte Tai.

“Será uma pena se este ofício desaparecer, mas espero que o nosso espírito nunca desapareça”, disse, contemplando a montanha que percorre há 30 anos. 

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