Rio de Janeiro, 31 jan (Xinhua) -- Cinco funcionários foram presos na terça-feira por suspeita de envolvimento no colapso de uma barragem de rejeitos pertencente à gigante mineradora Vale, em Brumadinho, estado de Minas Gerais.

Dois dos funcionários presos são engenheiros subcontratados do grupo alemão TUD SUD que trabalhavam na Vale. Os outros são todos funcionários diretos da Vale, incluindo um geólogo e dois gerentes.

De acordo com a juíza Perla Saliba Brito, que ordenou as prisões, o geólogo e engenheiros assinaram relatórios atestando a segurança da barragem e afirmando que a barragem estava seguindo os procedimentos de segurança enquanto os gerentes são diretamente responsáveis pelo licenciamento e operações do complexo em que a barragem está localizada, sendo então encarregados de seu monitoramento.

Segundo o juiz, há evidências que os ligam à morte das vítimas da ruptura da barragem, fraude de documentos e crimes ambientais.

Os cinco funcionários serão detidos em uma prisão da capital mineira, Belo Horizonte, por 30 dias.

Enquanto isso, equipes de resgate continuam tentando encontrar sobreviventes do desastre, já que 276 pessoas ainda estão desaparecidas, mas as chances são cada vez mais remotas com o passar do tempo. Nenhum sobrevivente foi resgatado desde sábado.

Até agora, um total de 84 corpos foram recuperados, e 42 deles foram identificados. Algumas equipes de resgate estão se concentrando em uma área onde acredita-se que um refeitório da Vale esteja enterrado sob a lama. Toda a estrutura foi levada pela onda de lama vale abaixo.

A maioria das vítimas confirmadas são funcionários da Vale. Cerca de 100 trabalhadores estavam almoçando no refeitório da empresa, localizado logo abaixo da barragem, quando ela explodiu. Os esforços de resgate ainda não localizaram o prédio, que pode ter sido varrido pelo deslizamento de terra, segundo especialistas.

O incidente marca o segundo colapso da barragem de rejeitos em três anos em uma operação de mineração da Vale no Brasil, inundando comunidades e campos com lama tóxica.

Em novembro de 2015, uma barragem de rejeitos que a Vale era co-proprietária rompeu em Mariana, também em Minas Gerais, destruindo uma comunidade inteira e matando 19 pessoas. Foi considerado o pior desastre ambiental do Brasil.

No total, a Vale responde por 70 a 80% das exportações de ferro do Brasil, que atingiram 20,2 bilhões de dólares em 2018, e é considerada a segundo maior exportadora mundial do mineral.

Observadores da indústria disseram que o sucesso da empresa deve-se em parte ao fato de que ela buscava contratos "agressivamente", mas os preços competitivos do Brasil e a qualidade do mineral também eram fatores.