Brasília, 30 jan (Xinhua) -- O ministro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou nesta terça-feira que o governo brasileiro não intervirá na diretoria da mineradora Vale devido ao rompimento na sexta-feira de uma barragem na região de Brumadinho que causou a morte de pelo menos 65 pessoas e deixou cerca de 300 desaparecidos.
A possibilidade da intervenção do governo, que é acionista da empresa, tinha sido citada na segunda-feira pelo presidente em exercício Hamilton Mourão, mas ao ser questionado em entrevista à imprensa nesta terça-feira, Lorenzoni descartou a hipótese.
"Essa é uma decisão do conselho de administração e é evidente que, nas empresas privadas em que o governo é apenas um acionista, o papel do acionista é confiar no seu conselho de administração. Não há condição de haver qualquer grau de intervenção [do governo], até porque essa não seria uma sinalização desejável ao mercado", afirmou o ministro.
"O que o governo tem na Vale é uma 'golden share', que permite ao governo, por exemplo, manter a sede da empresa no Brasil, mas não permite nenhuma interferência na gestão", destacou.
Perguntado se o governo apoiaria uma mudança no Conselho de Administração da companhia, Lorenzoni disse que não cabe ao governo, mesmo na condição de um dos principais acionistas, apoiar ou mudar o comando da empresa.
"Temos que aguardar o andamento das investigações. Não cabe ao governo federal apoiar ou mudar qualquer empresa ou diretoria que não seja de sua responsabilidade", ressaltou.
Além de Onyx, participaram da entrevista no Palácio do Planalto os ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente), Bento Albuquerque (Minas e Energia) e Gustavo Canuto (Desenvolvimento Regional). A coletiva foi realizada após uma reunião comandada pelo presidente em exercício, Hamilton Mourão, sobre segurança de barragens.
O ministro Canuto anunciou que, das cerca de 20 mil barragens do país cadastradas em órgãos do governo com diversas finalidades (barragens de mineração, de hidroelétricas, de uso industrial), 3.386 são consideradas de risco alto e por isso serão prioridade em um trabalho de fiscalização que o governo pretende implementar.