Análise: Por que a "parceria azul" de Portugal com a China é de ganhos recíprocos

Fonte: Xinhua    05.12.2018 13h44

Lisboa, 5 dez (Xinhua) -- Para Portugal, um país conhecido como o local onde a terra termina e o mar começa, uma "parceria azul" com a China significa uma grande promessa nos laços bilaterais.

Famoso pela descoberta de inúmeros territórios e rotas marítimas como conquista de intensas aventuras marítimas, Portugal esteve na vanguarda das expedições ultramarinas europeias durante os séculos XV e XVI.

O que pouca gente sabe hoje em dia é que Portugal, apesar do seu tamanho relativamente pequeno, tem uma cobertura marítima significativa.

O país tem uma vasta área marítima que se expande da Europa continental para o arquipélago dos Açores no Atlântico Médio e Ilha da Madeira ao largo da costa noroeste da África, lembra Virgínia Trigo, professora emérita e diretora de Programas com a China do ISCTE (Instituto Universitário de Lisboa).

Além disso, os portos e as áreas marítimas de Portugal têm sentidos estratégicos, a valia Paulo Duarte, pesquisador e conferencista da Universidade do Minho, acrescentando que o porto de Sines é o mais próximo da Europa ao Canal do Panamá e tem potencial para se tornar uma ligação entre o transporte marítimo e ferrovias na Europa continental.

A China, com sua extensa costa, também tem enormes interesses marítimos.

Os governos dos dois países assinaram um memorando de entendimento sobre cooperação marítima em 2016 e outros documentos estabelecendo uma "parceria azul" em 2017, tornando Portugal o primeiro membro da União Europeia a estabelecer uma parceria deste tipo com a China.

O acordo visa promover a colaboração entre os governos, os setores de ciência e tecnologia, as empresas e o público dos dois países em áreas como governança marítima, ecologia marinha, energia renovável marinha e cultura marinha, analisa Carlos Rodrigues, chefe do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da Universidade de Aveiro.

As atividades a serem desenvolvidas em cooperação com a China variam amplamente, da aquicultura aos recursos minerais e portos, aponta Fernanda Ilheu, presidente da Associação Amigos da Nova Rota da Seda, um think tank sem fins lucrativos em Lisboa.

Virgínia Trigo destaca que muitos dos recursos necessários para a humanidade estão no mar, e que "para Portugal identificar e explorar esses recursos, precisa de parcerias que possam potencializá-los".

"Acredito que a China pode ser um bom parceiro", aponta Trigo.

(Web editor: Juliano Ma, editor)

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