
Um grupo de investigadores americanos anunciou na segunda-feira ter removido com sucesso o ADN do VIH dos genomas de animais vivos, através do uso de uma ferramenta de manipulação de genes.
O sucesso da experiência contribui para o aumento das esperanças de que o AIDS em pacientes humanos possa eventualmente vir a ser combatido com sucesso.
O estudo foi publicado na revista Molecular Therapy, onde pesquisadores da Temple University e da Universidade de Pittsburgh relataram os procedimentos levados a cabo na investigação, em três ratos, incluindo um modelo "humanizado", os quais foram transplantados com células imunológicas humanas e infetados com o vírus .
A equipe é a primeira a demonstrar que a replicação do VIH-1 pode ser completamente interrompida e o vírus eliminado das células infetadas, em animais, através de uma poderosa tecnologia de edição de genes denominada CRISPR/Cas9.

O novo trabalho vem dar seguimento a um estudo de validação de conceito que a equipe publicou em 2016, no qual foram usados modelos transgênicos de ratazanas e ratos com o ADN do VIH-1 incorporados no genoma de seus tecidos.
"O nosso novo estudo é mais abrangente", explicou Hu Wenhui, professor associado da Universidade de Temple, que liderou o estudo.
"Nós confirmamos os dados do nosso trabalho anterior, melhoramos a eficiência de nossa estratégia de edição de genes, e mostramos que esta é eficaz em dois modelos adicionais de ratos — um representando a infeção aguda em células de ratos e o outro a infeção crônica ou latente, em células humanas".
No novo estudo, a equipe desativou geneticamente o VIH-1 em ratos transgênicos, reduzindo a expressão de ARN (ácido ribonucleico) de genes virais em cerca de 60 a 95 por cento, confirmando as descobertas anteriores.
Os cientistas testaram então o sistema em ratos gravemente infetados com o EcoVIH, o equivalente animal para o vírus humano VIH-1, e descobriram que a eficiência de excisão (processo de eliminação dos intrões depois da transcrição do ARN) atingiu 96 por cento dos espécimes.

No terceiro modelo animal, a infeção latente com VIH-1 foi recapitulada em ratos “humanizados”, nos quais foram induzidas células imunitárias humanas, incluindo as células T, seguidas pela infeção com o vírus VIH-1.
"Esses animais têm VIH latente nos genomas de células T humanas, onde o vírus pode escapar à deteção", explicou Hu.
Após um único tratamento com recurso ao CRISPR/Cas9, os fragmentos virais foram extirpados com sucesso das células humanas infetadas, incorporadas em tecidos e órgãos dos animais, acrescentou.
A equipe planeja agora repetir o estudo em primatas, um modelo animal mais próximo do ser humano, onde a infeção pelo VIH induz outras doenças, com um objetivo final de realizar um ensaio clínico em pacientes humanos no futuro.
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