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À conversa com Samuel Pascoal, vencedor do concurso de língua chinesa “Chinese Bridge” em Portugal (2)

Fonte: Diário do Povo Online    06.06.2016 09h14
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Vagueando entre a língua chinesa, o teatro e a poesia

A preparação do trilho até à vitória no Chinese Bridge - onde teve de polir de novo as competências ao nível do mandarim - não se afigurou fácil, como o Samuel explica: “A língua chinesa é uma língua muito justa, no sentido de não perdoar. Isto é, premeia o esforço. É muito evidente a distinção entre quem se esforça para aprender o idioma e quem não o faz. Nós, como ocidentais, não estamos expostos às línguas asiáticas. Se não criarmos uma atmosfera de exposição passiva, esta não perdoa. É preciso muita disciplina e muito treino”.

Performance no concurso Chinese Bridge

A escolha da declamação de um poema no concurso vai de encontro às suas paixões e às técnicas que aprimorou durante o hiato parcial, no qual se focou mais em atividades de encenação, representação e de diseur.

“A declamação de um poema é muito transparente em termos de mostrar as competências do candidato: tons, musicalidade da língua, emoção, etc. De um leque de cerca de 7 poemas sugeridos pela minha tutora, a professora Fang Xianghong, constava entre eles o Qiang Jin Jiu do Li Bai. Ao ver uma declamação deste poema pelos atores Zhang Yi e Liu Jin, já depois de ter traduzido o poema, apaixonei-me imediatamente e disse para mim mesmo: ‘É este!’… É um poema dualista, porque tem duas energias – alegria e tristeza, e, nesse sentido, é muito heterogéneo. Permite dar um ritmo diferente a cada passo do texto. O poema foi escrito quando Li Bai foi rejeitado na corte. Devido ao turbilhão emocional, é um poema excelente de declamar.”

A passagem pelos estudos asiáticos e pelo teatro foi fruto de uma evolução natural, embora algo inocente, como o próprio reconhece. “Em 2010, quando criei a minha segunda peça, já procurava, no meu próprio teatro, abordar temas relacionados com a China ou o Japão. Fi-lo no sentido de poder difundir aqui, para o público português, ainda que num contexto amador, alguns aspetos da cultura chinesa, e mesmo da língua. Durante o meu percurso académico apercebi-me que a expressão artística era uma constante.”


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