Dilma diz estar cansada de desleais e traidores, mas não de lutar

Fonte: Diário do Povo Online    11.05.2016 11h26

RIO DE JANEIRO, 11 de maio (Diário do Povo Online) - A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, disse ontem que está " cansada de desleais e traidores, mas não de lutar". A afirmação foi feita um dia antes da votação do Senado que deve decidir se ela será ou não afastada.

“Quero dizer a vocês que não estou cansada de lutar. Estou cansada dos desleais e dos traidores. Tenho certeza que o Brasil também está cansado dos desleais e traidores, e é esse cansaço que impulsiona a minha luta cada dia mais”, afirmou Dilma naquele que pode ter sido seu último ato público como presidente do país.

A mandatária voltou a dizer que sofre um "golpe" liderado por duas pessoas.

“Temos de dar nomes aos bois. Este é um processo [de impeachment] conduzido pelo ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e pelo vice-presidente [Michel Temer]. Os dois proporcionaram ao país esta espécie moderna de golpe, um golpe feito rasgando a nossa Constituição,” declarou.

Dilma foi interrompida várias vezes pela plateia formada, em sua maioria, por mulheres, que não paravam de entonar palavras de ordem, como “não vai ter golpe, vai ter luta”. A presidente reiterou estar sendo vítima de uma injustiça.

“A história vai mostrar como o fato de eu ser mulher me tornou mais resiliente, mais lutadora. Queriam que eu renunciasse, e jamais passou a renúncia pela minha cabeça. Só pela cabeça deles, não pela minha. Por que falo isso? Porque sou uma figura incômoda. Sou incômoda porque enquanto eu permaneço de pé, de cabeça erguida, honrando mulheres, ficará claro que cometeram contra mim uma inominável injustiça,” completou.

"Para mim é um momento decisivo para a democracia brasileira que estamos vivendo hoje. Sem dúvida estamos num momento em que a gente sente que estamos fazendo a história desse país. A história ainda vai dizer o quanto de violência contra a mulher, de preconceito contra mulher tem nesse processo de impeachment golpista", disse, afirmando que ela não cometeu nenhum crime de responsabilidade.

Segundo Dilma, “sabemos que um dos componentes deste processo tem sempre uma base no fato de eu ser a primeira mulher presidenta eleita pelo voto popular no Brasil", declarou a presidente, mas "saibam que uma parte de minha capacidade de resistir vem do próprio fato de eu ser mulher", acrescentou.

A presidente do Brasil atacou seu eventual substituto, Michel Temer, dizendo que "os golpistas disseram que vão privatizar tudo". Ao mesmo tempo, Dilma advertiu que "o povo não vai permitir" e que estará em "pé de guerra" pela defesa das "conquistas sociais" obtidas nos últimos anos.

"O que conquistamos é só o começo. Temos muito para conquistar ainda" e "não permitiremos nenhum retrocesso", disse.

Se a maioria simples dos senadores decidir pela continuidade do processo, a presidenta Dilma Rousseff será afastada por 180 dias, tempo em que será substituída pelo vice-presidente Michel Temer, enquanto o Senado julga as denúncias. Caso ela sofra o impeachment, Temer completará o mandato até o dia 1 de janeiro de 2019.

Edição: Rafael Lima 

(Editor:Renato Lu,editor)

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