José Medeiros da Silva*
Quando se fala em BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) é preciso exercitar o pensamento e visualizar algumas de suas particularidades essenciais. Primeiro, que territorialmente o grupo ocupa 26% do planeta; segundo, que 42% da população mundial vive nesses países; terceiro que são países em via de desenvolvimento, com graves problemas sociais, ambientais, políticos e econômicos; quarto, que o processo de aproximação desses países, enquanto bloco, é muito recente; quinto, que esses países, apesar de relevantes, possuem, isoladamente, uma pequena capacidade de tomar decisões no plano político internacional, isso se comparado a países como os EUA e seus aliados europeus. Aliás, talvez seja essa percepção a força principal que dinamiza a unidade do grupo.

Mas essa força, se disforme, continuará limitando sua capacidade de atuação diante de um ambiente internacional nem sempre favorável e ditado por normas geralmente elaboradas por outros atores. Ou seja, fortalecer e ampliar a cooperação intra-BRICS em diversas dimensões é o desafio principal para o êxito do grupo.
Aparentemente abstrato, esse debate da ampliação da parceria é essencial para que se visualize potencialidades e se encontre pontos convergentes que permitam a esses países uma maior dinamização de suas relações e uma atuação mais coesa no cenário político e econômico internacional. Isso já está claro para os líderes do grupo. Tanto é que a parceria BRICS como fator de desenvolvimento global foi a pauta política principal da 7ª reunião de Cúpula do grupo realizada na Rússia, na cidade de Ufá, entre os dias 09 e 10 de julho. A entrada em vigor do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e do Arranjo Contingente de Reservas (ACR) também vão nessa mesma direção.
Desde a primeira Cúpula realizada também na Rússia, na cidade de Ecaterimburgo, em junho de 2009, ainda sem a presença da África do Sul, o grupo tem alcançado feitos relevantes. O maior desses feitos é o fato desses países persistirem na construção dessa plataforma e reforçar sua unidade. Isso é um passo fundamental e ajuda a contrabalançar hegemonias políticas no cenário internacional, abrindo novas perspectivas para que esses atores avancem, como Estado, na consolidação dos seus projetos nacionais.
Mas não se pode ter ilusões. E o caminho para consolidação do BRICS é árduo e longo. E o principal obstáculo ainda é o desconhecimento mútuo. Promover a aproximação desses países através dos seus povos é um passo sólido que ainda precisa ser dado. Para isso se pode, por exemplo, envolver mais os jovens em projetos que visem o aprendizado das línguas faladas no BRICS, em ações científicas e culturais, além de intercâmbios mais intensos e permanentes entre instituições acadêmicas, pequenas e médias empresas.
Somente se ampliarmos a percepção do conceito BRICS entre as populações de países membros, o espalhando pelo imaginário popular, se poderá criar uma base sólida, profunda e permanente para um fortalecimento do grupo. No próximo ano, a oitava reunião será na Índia. Até lá muito se pode pensar e fazer para que a construção de um BRICS mais dinâmico e melhor conhecido pelos povos dos referidos países.
José Medeiros da Silva é doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo, investigador convidado do Instituto Internacional de Macau e professor na Universidade de Línguas Estrangeiras de Zhejiang.
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