O Brasil está disposto a cooperar com a China e outras nações para promover a implementação dos compromissos de governança climática global, afirmou nesta segunda-feira o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
A declaração foi feita durante uma coletiva de imprensa às vésperas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).
Ao responder à pergunta da Xinhua, Lula elogiou a posição e as contribuições da China em questões de governança climática, destacando que o país asiático alcançou realizações notáveis nas áreas de governança climática e energias renováveis, tornando-se uma força importante na defesa da ação climática global.
Lula afirmou que a China é o maior parceiro comercial do Brasil e que as relações econômicas e comerciais entre os dois países estão se expandindo do comércio de commodities para os campos de tecnologia, indústria e economia digital. Nos últimos anos, empresas chinesas de energia limpa, como a BYD, têm aumentado seus investimentos no Brasil. O governo brasileiro continuará aprimorando o ambiente de negócios para atrair investimentos de países de todo o mundo, incluindo a China, e aprofundará a cooperação bilateral com a China em tecnologia espacial, indústria de energia limpa e tecnologias digitais.
Ele ressaltou que os países desenvolvidos têm uma história de poluição de mais de duzentos anos em seus processos de industrialização e, em vez de culpar outros, deveriam pagar a dívida que têm com o planeta.
"Nós não queremos que a COP continue sendo uma feira de produtos ideológicos climáticos, em que cada um dizer o que quer e ninguém é obrigado a fazer as coisas", disse Lula, acrescentando que a COP30 deve ser a conferência de implementação, focada em implementar os compromissos existentes em vez de politizar o tema climático.
Lula observou que o Brasil escolheu sediar a COP30 no coração da Amazônia não apenas para demonstrar a capacidade da região de organizar um evento global, mas também para permitir que o mundo perceba diretamente o valor ecológico e os desafios de preservação da floresta amazônica. Proteger a Amazônia, disse ele, não significa transformá-la em uma "zona proibida para os humanos", mas sim buscar o desenvolvimento sustentável, aproveitando de forma responsável seus recursos naturais.
Nos últimos anos, o Brasil alcançou avanços significativos na transição energética. Segundo Lula, 87% da eletricidade do país provêm de fontes renováveis, o que faz do Brasil um dos principais produtores de biocombustíveis e energia eólica, além de estar investindo fortemente no desenvolvimento do hidrogênio verde.
Lula revelou que o Brasil pretende propor, nas Nações Unidas, a criação de um mecanismo eficaz de governança para garantir a execução das medidas ambientais, permitindo que os países discutam, por meio de consultas multilaterais, a aplicação de sanções àqueles que não cumprirem seus compromissos climáticos.