Por Zheng Tao
Desde 2021, a China lançou três importantes propostas globais: a Iniciativa para o Desenvolvimento Global (IDG), a Iniciativa para a Segurança Global (ISG) e a Iniciativa para a Civilização Global (ICG). Essas propostas representam a contribuição chinesa para enfrentar desafios transnacionais por meio da cooperação multilateral.
Em um cenário de instabilidade global persistente, essas iniciativas exercem um papel estabilizador e oferecem impulso para o avanço. Sua relevância está em responder a pressões críticas do presente: a pandemia e o protecionismo ampliaram a desigualdade no desenvolvimento, dificultando seriamente o progresso da Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável.
Paralelamente, a busca por segurança absoluta por parte de certos países, em detrimento de outros, intensificou tensões geopolíticas. Narrativas que enquadram a política global como um embate binário entre "democracia e autocracia" aprofundam temores de conflitos entre civilizações.
Nesse contexto, a ascensão irreversível do "Sul Global" e o ímpeto por paz, desenvolvimento e cooperação refletem o anseio universal da humanidade por estabilidade e progresso. As três iniciativas oferecem tanto respostas imediatas para desafios urgentes quanto uma visão estratégica para um futuro comum.
A IDG defende a priorização do desenvolvimento com foco nas pessoas, a promoção de cooperação inclusiva e mutuamente benéfica, o fomento à inovação, a convivência harmônica entre humanidade e natureza, e uma cooperação orientada à ação para impulsionar conjuntamente a agenda global de desenvolvimento.
Já a ISG propõe uma visão de segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável, e defende um novo caminho baseado no diálogo em vez do confronto, parcerias no lugar de alianças, e ganhos mútuos em vez de jogos de soma zero.
A ICG, por sua vez, promove a igualdade, o aprendizado mútuo, o diálogo e a inclusão entre civilizações, além de valorizar os princípios compartilhados pela humanidade, com o objetivo de tornar o jardim das civilizações mundiais mais vibrante e diversificado.
Essas iniciativas têm raízes no patrimônio cultural chinês — como a busca pela harmonia universal e a amizade entre os povos — e refletem os princípios centrais da diplomacia chinesa: coexistência pacífica e busca por consensos respeitando as diferenças.
Inspiradas na visão global do PCCh e em um profundo senso de internacionalismo, elas demonstram o compromisso da China, maior país em desenvolvimento do mundo, com sua responsabilidade global.
Ancoradas na trajetória histórica do progresso humano, as iniciativas buscam responder às perguntas centrais de nosso tempo — "O que está acontecendo com o mundo?" e "Como devemos agir?" — oferecendo bens públicos para aprimorar a governança global e iluminando caminhos para resolver os desafios mais prementes da atualidade.
Desde sua apresentação, as iniciativas já receberam apoio de mais de 100 países e organizações internacionais. O que começou como propostas chinesas vem se consolidando como compromissos globais compartilhados, evoluindo de visões comuns para ações concretas. Em conjunto, a China e comunidade internacional escrevem um novo capítulo na construção de uma comunidade global com futuro compartilhado.
A IDG tem dado novo fôlego aos esforços por um desenvolvimento inclusivo e sustentável.
Na construção de mecanismos, a China sediou o Diálogo de Alto Nível sobre Desenvolvimento Global e criou o Grupo de Amigos da IDG, que hoje conta com mais de 80 Estados-membros. Firmou acordos de cooperação com mais de 50 parceiros e apoiou a criação de um grupo de trabalho na ONU para impulsionar a iniciativa.
Na mobilização de recursos, a China comprometeu quase US$ 20 bilhões em fundos para o desenvolvimento, estabeleceu mais de 30 plataformas de cooperação e lançou o Centro de Promoção do Desenvolvimento Global.
Na execução de projetos, mais de 1.100 iniciativas foram realizadas sob o guarda-chuva da IDG, sendo mais de 600 atualmente ativas. Além disso, mais de 60 mil profissionais de países em desenvolvimento participaram de programas de capacitação. A China também concedeu isenção tarifária total a todos os países menos desenvolvidos com os quais mantém relações diplomáticas.
No domínio da segurança, a China impulsionou a ISG com a publicação de um Documento Conceitual que apresenta 20 áreas-chave de cooperação, além de ter proposto a Iniciativa de Governança Global para a Inteligência Artificial.
A China também tem atuado ativamente na mediação de conflitos internacionais, como na crise da Ucrânia, no conflito israelo-palestino e na situação do Afeganistão. Destaca-se ainda o papel facilitador no acordo de reconciliação entre Arábia Saudita e Irã, o apoio ao diálogo intra-palestino, as conversações de paz em Mianmar e a proposição de uma visão para paz e desenvolvimento no Chifre da África.
Além disso, aprofundou diálogos sobre segurança por meio de fóruns, como o Fórum de Xiangshan em Beijing, o Fórum China-África sobre o uso pacífico de tecnologia nuclear, e o Fórum de Segurança do Oriente Médio.
A ICG avança na promoção de intercâmbios culturais e do entendimento entre os povos.
Em junho de 2024, a ONU designou oficialmente o dia 10 de junho como o Dia Internacional do Diálogo entre Civilizações, uma iniciativa liderada pela China. O país também tem promovido fóruns, como o Fórum das Civilizações Antigas e a Conferência do Diálogo entre Civilizações Asiáticas, injetando novo dinamismo no engajamento cultural global.
A China sediou a primeira Assembleia Geral da Aliança para Patrimônio Cultural da Ásia, organizou exposições de relíquias culturais em parceria com diversos países e tem investido na preservação e inovação do patrimônio. Em colaboração com a ASEAN, a Grécia e outros, lançou anos e festivais temáticos voltados à cultura e ao turismo, elevando o intercâmbio entre os povos a novos patamares.
Diante da crescente complexidade internacional, a China mantém firme seu compromisso com o desenvolvimento pacífico. Guiada pelo pensamento diplomático de Xi Jinping, continuará a defender os princípios de justiça, equidade e cooperação ganha-ganha. Ao implementar as três iniciativas lado a lado com os demais países, a China busca contribuir para a construção de uma comunidade global com futuro compartilhado — rumo a um mundo mais pacífico, seguro, próspero e inclusivo.
(Zheng Tao é observador de assuntos internacionais)