No dia 21, uma nova tradução da obra "Grito", do escritor chinês Lu Xun, chegou às prateleiras de livrarias no Brasil. O tradutor Giorgio Sinedino, também sinólogo brasileiro e professor assistente da Faculdade de Letras da Universidade de Macau, espera apresentar a literatura chinesa moderna aos leitores brasileiros.
O amor de Sinedino pela China tem uma longa história. Em 2004, quando um professor de literatura da Universidade de Peking foi trabalhar na Universidade de Brasília, Sinedino teve a oportunidade de aprender chinês formalmente e deu a si mesmo um nome chinês: Shen Youyou. "You" significa "amizade" em mandarim.
Ele estudou na Universidade de Peking e na Universidade Renmin da China e agora leciona na Universidade de Macau. As três obras "Os Analectos de Confúcio", "Daodejing" e "O Imortal do Sul da China: uma leitura cultural do Zhuangzi", traduzidas por Sinedino, permitem que mais leitores brasileiros conheçam o patrimônio da cultura chinesa.
Sua abordagem à tradução de "Grito" inclui não apenas a tradução para o português, mas também dois artigos acadêmicos aprofundados e uma linha do tempo tridimensional, traçando os 41 anos da vida e obra de Lu Xun desde seu nascimento até a publicação de "Grito".
"O sentimento mais profundo que a China me proporciona é o de 'inovação', assim como o espírito transmitido nas obras de Lu Xun", disse Sinedino.
A edição ainda inclui 77 ilustrações do mestre da arte moderna chinesa Feng Zikai (1898-1975) e fotografias representativas de Lu Xun anteriores a 1923, criando um diálogo entre texto e imagem que mantém viva a tradição interdisciplinar da literatura e arte moderna chinesa.
O próximo ano é o Ano da Cultura China-Brasil. Sinedino também verá a publicação de duas novas traduções, "A Arte da Guerra", de Sun Tzu, e "Um panorama intelectual da dinastia Qing -- Erudição e ideias que prepararam a modernidade chinesa". Ele espera ajudar a cultura chinesa a se tornar global, e também espera que o Brasil tenha uma atmosfera melhor para a sinologia.
"A China e o Brasil precisam entender melhor as diferenças culturais um do outro, estabelecer uma estrutura comum para intercâmbios culturais e alcançar a verdadeira confiança mútua entre as civilizações. Acredito que as culturas brasileira e chinesa podem atravessar montanhas e oceanos e alcançar ressonância cultural", disse ele.