Os filmes latino-americanos desfrutam de uma visibilidade sem precedentes no 27º Festival Internacional de Cinema de Shanghai (SIFF, na sigla em inglês), com várias obras participando da Competição Principal e mais presenças em várias seções.
Este ano, quatro dos doze filmes da competição principal são provenientes da América Latina ou contam com a participação da região: "Ciclone", "Depois da Neblina", "Os Renascidos", e "A Memória do Cheiro das Coisas". Essas obras representam um terço da altamente competitiva seleção da Competição Principal, destacando a forte presença da região.
De 13 a 22 de junho, o festival exibe filmes de diversos países da América Latina, como Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Guatemala, México, Peru e Venezuela.
"Os filmes latino-americanos oferecem um conteúdo incrivelmente rico, diverso e inclusivo", afirmou Yao Pengyu, um público chinês. "Seus temas sobre família, identidade e mudança ressoam mesmo através de distâncias geográficas", destacou Yao.
Olivia Luengas Magaña, diretora mexicana de "Brigada 2045", um documentário de realismo futurista selecionado para a Competição de Documentários do SIFF, expressou: "Conversei com muitos chineses sobre meu filme, e o que vi durante a estreia foi que as pessoas se conectaram com a história do filme".
"O SIFF é, para mim, uma oportunidade de atravessar fronteiras, dialogar com as pessoas e conhecer mais sobre o lado humano", disse Magaña.
Para o acadêmico argentino Salvador Marinaro, que atualmente leciona na Universidade Fudan, na China, essa experiência de assistir aos filmes foi muito diferente. "O que me faz sentir realmente orgulhoso é que filmes da Argentina, Espanha, Venezuela, Chile e outros países sejam exibidos no Festival Internacional de Cinema de Shanghai", afirmou.
"No âmbito do cinema, as percepções agudas do diretor chinês Jia Zhangke sobre a mudança social na China encontram fortes paralelos nas obras da diretora argentina Lucrecia Martel e do cineasta brasileiro Kleber Mendonça Filho", acrescentou Marinaro.
"Os Renascidos", que integra a seção principal da competição, dirigido pelo argentino Santiago Esteves, captura a essência desse intercâmbio cultural.
"Embora a tecnologia e as formas cinematográficas continuem evoluindo, espero que o calor dos laços familiares possa ressoar como uma voz através dos Andes e ecoar em todas as culturas", expressou Esteves.
Mary Lynn, do Uruguai, produtora e diretora executiva do Dalynn Studio, vê potencial para uma cooperação mais profunda entre China e América Latina.
"O apetite da China por histórias latino-americanas está crescendo", opinou Lynn. "Espero que mais cineastas latino-americanos possam filmar na China e que mais criadores chineses explorem nossos mercados. As coproduções beneficiariam ambas as partes", acrescentou.
Fundado em 1993, o SIFF é um prestigiado evento global, impulsionado pela ambição de Shanghai de se tornar um centro cultural internacional. O festival tem atraído crescente atenção internacional graças ao florescente mercado cinematográfico da China.