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Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro afirma que ex-presidente leu e alterou plano de golpe

Fonte: Xinhua    10.06.2025 13h27

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, testemunhou perante o Supremo Tribunal Federal (STF) na segunda-feira que o ex-presidente recebeu, leu e solicitou mudanças no chamado "plano de golpe", o plano para dar um golpe de Estado no final de 2022.

O documento tinha como objetivo impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que derrotou Bolsonaro no segundo turno das eleições daquele ano.

Segundo Cid, o ex-presidente solicitou, entre outras modificações no plano, a eliminação de um trecho que determinava a prisão de autoridades. O principal alvo dessa medida seria o ministro do STF Alexandre de Moraes, que presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na época das eleições.

"Bolsonaro recebeu e leu o documento. Ele, de certa forma, o enxugou. Somente o senhor (juiz Moraes) permaneceria preso", disse Cid esta tarde perante a Primeira Turma do STF.

Cid foi o primeiro a depor perante o STF no processo aberto contra o chamado "núcleo" da tentativa de golpe. Em depoimentos anteriores, ele já havia descrito a participação de Bolsonaro e outras autoridades em discussões sobre uma tentativa de golpe.

A Primeira Turma do STF iniciou nesta segunda-feira os interrogatórios dos réus do considerado núcleo crucial do processo criminal por tentativa de golpe. Segundo a Procuradoria-Geral da República, os membros desse grupo seriam os responsáveis por liderar as ações da organização criminosa com o objetivo de impedir a posse de Lula.

Os interrogatórios, que estão sendo transmitidos ao vivo pela TV Justiça, estão previstos para terminar na sexta-feira, 13 de junho. Todos os réus do núcleo são obrigados a comparecer para interrogatório, mas podem permanecer em silêncio e responder a algumas ou nenhuma pergunta.

Além de Bolsonaro, o grupo inclui Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência); Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, ex-ministro da Casa Civil; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice-presidente em 2022.

O único membro do grupo que não comparecerá ao plenário da Primeira Turma é o general Braga Netto, que está preso preventivamente no Rio de Janeiro desde dezembro e, portanto, participará por videoconferência.

Os interrogatórios fazem parte da fase de instrução criminal, o momento da produção de provas. Além de Moraes, outros ministros do STF, bem como advogados de todos os réus, podem fazer perguntas aos depoentes.

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