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Manuscritos de seda de 2.300 anos são devolvidos dos EUA para China (5)

Fonte: Diário do Povo Online    19.05.2025 09h56
Manuscritos de seda de 2.300 anos são devolvidos dos EUA para China
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Na madrugada de domingo (18), um voo comercial de Washington, D.C., pousou em Beijing carregando uma extraordinária carga cultural: uma coleção de fragmentos de antigos manuscritos de seda chineses, que datam do período dos Reinos Combatentes (475-221 a.C.).

Desconhecido pela maioria dos passageiros, a viagem coincide com uma das repatriações culturais mais significativas da China até hoje.

Devolvidos pelo Museu Nacional de Arte Asiática do Smithsonian na sexta-feira (16), os fragmentos são de "Wuxing Ling" e "Gongshou Zhan", os dois últimos volumes dos Manuscritos de Seda de Zidanku. O tempo foi generoso com o primeiro volume, que permanece praticamente intacto, embora fora da China.

Coletivamente, os manuscritos de seda, contendo mais de 900 caracteres chineses, são os primeiros exemplos de texto em seda descobertos até hoje e o livro clássico chinês mais antigo no verdadeiro sentido da palavra.

"Wuxing Ling" consiste em ilustrações dos meses lunares combinadas com textos explicativos, registrando tabus sazonais e práticas auspiciosas ao longo do ano.

"Gongshou Zhan" apresenta textos dispostos numa rara formação circular, lidos no sentido horário, indicando as direções favoráveis ​​e desfavoráveis, as datas e o momento para atacar e defender cidades.

Os Manuscritos de Seda de Zidanku são anteriores aos renomados "Manuscritos do Mar Morto" em mais de um século. Esses textos extraordinários oferecem uma janela para a cosmologia chinesa antiga, a filosofia temporal e as interpretações da existência humana.

Os documentos têm importância fundamental para o estudo dos caracteres e da literatura chineses antigos, bem como para a história acadêmica e ideológica chinesa, afirmou o professor Li Ling, da Universidade de Pequim, que passou mais de 40 anos rastreando a proveniência dos manuscritos.

Ladrões de túmulos roubaram os manuscritos de seda de uma tumba do Estado de Chu, no sítio arqueológico de Zidanku, em Changsha, província de Hunan, em 1942. Quatro anos depois, os manuscritos de seda foram contrabandeados para fora da China.

A devolução desses manuscritos tem sido uma fonte de inspiração para muitos chineses. "Bem-vindos ao lar, tesouros nacionais. Espero que mais relíquias culturais perdidas no exterior possam ser repatriadas em breve", comentou um usuário na plataforma de mídia social chinesa Weibo.

A repatriação foi facilitada, entre outros fatores, por um Memorando de Entendimento (MoU) intergovernamental entre a China e os Estados Unidos, que impõe restrições à importação de materiais arqueológicos e artefatos culturais chineses. Assinado pela primeira vez em janeiro de 2009 e renovado em 2014 e 2019, o Memorando de Entendimento foi recentemente prorrogado por mais cinco anos, com início em 14 de janeiro de 2024.

O Memorando de Entendimento abrange materiais arqueológicos classificados do período Paleolítico até o final da Dinastia Tang (618-907), bem como esculturas monumentais e arte mural com mais de 250 anos. Entre 2009 e 2023, facilitou o retorno de 504 itens ou conjuntos de artefatos chineses dos Estados Unidos.

No entanto, a repatriação de artefatos culturais deslocados ao longo da história, que não se enquadram no escopo das convenções internacionais aplicáveis, continua sendo um desafio para a governança do patrimônio cultural.

Após reunir uma sólida cadeia de evidências sobre os Manuscritos de Seda de Zidanku, a China emitiu formalmente um memorando ao Instituto Smithsoniano exigindo a devolução do "Wuxing Ling" e do "Gongshou Zhan" em 30 de abril de 2024.

Após extensas consultas baseadas em diálogo e cooperação, apoiadas por uma pesquisa minuciosa de rastreamento, o Museu Nacional de Arte Asiática concordou em devolver os tesouros culturais à China.

Ao nascer do sol, "Wuxing Ling" e "Gongshou Zhan" estavam de volta ao país asiático e a caminho do repositório da Administração Nacional do Patrimônio Cultural (NCHA, na sigla em inglês).

Eles serão exibidos no Museu Nacional da China em julho, juntamente com outros artefatos culturais repatriados.

Notavelmente, 2.310 itens ou conjuntos de relíquias culturais chinesas perdidas foram repatriados desde 2012, ano do 18º Congresso Nacional do Partido Comunista da China.

Um alto funcionário da NCHA observou que a administração continuará trabalhando para o retorno rápido de Sishi Ling, o primeiro volume dos Manuscritos de Seda Zidanku.


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