Autoridades russas, turcas e ucranianas durante as negociações russo-ucranianas em um escritório presidencial no Palácio Dolmabahçe, Istambul, Turquia, em 16 de maio de 2025. Foto: VCG
O presidente russo, Vladimir Putin, disse no domingo que a operação militar especial de seu país na Ucrânia visa uma paz duradoura, enfatizando que a Rússia possui forças suficientes para concluir a operação e atingir os objetivos designados, informou a agência de notícias estatal russa Tass.
As declarações de Putin foram feitas após as primeiras negociações de paz diretas entre a Rússia e a Ucrânia em três anos, encerradas em menos de duas horas na sexta-feira. Ambos os países concordaram em trocar 1.000 prisioneiros de guerra cada em breve, no que seria a maior troca desse tipo até o momento, informou a AP.
A AP informou que, após a reunião, o chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, declarou-se "satisfeito com o resultado", acrescentando que Moscou estava pronta para continuar os contatos. A Reuters citou uma fonte anônima ucraniana, afirmando que a Rússia havia apresentado condições que a fonte descreveu como "impossíveis".
A "satisfação" da Rússia decorre de dois aspectos: primeiro, o consenso sobre a troca de prisioneiros de guerra transmite uma mensagem forte internamente; segundo, uma reiteração direta de suas demandas estratégicas para a Ucrânia – ceder território, abandonar as ambições de adesão à OTAN e se tornar um país neutro, lançando as bases para futuras negociações.
No entanto, esses termos violam gravemente os princípios básicos de Kiev. "As reações divergentes ressaltam a natureza estruturalmente irreconciliável do conflito", disse Sun Xiuwen, professor associado do Instituto de Estudos da Ásia Central da Universidade de Lanzhou, ao Global Times no domingo.
Cui Heng, acadêmico do Instituto Nacional Chinês para o Intercâmbio Internacional e Cooperação Judicial da OCS, com sede em Shanghai, acrescentou que as reações divergentes às negociações de paz também decorrem de expectativas desencontradas.
Embora a Ucrânia tenha abordado as negociações com expectativas mais elevadas, o lado russo, a julgar por sua delegação, sinalizou uma postura mais cautelosa, tratando-as como um reengajamento preliminar, após um hiato de três anos. "É irrealista pensar que, com disputas tão arraigadas e divisões tão profundas, os dois lados possam encontrar uma forma de resolver o conflito da noite para o dia", disse Cui ao Global Times no domingo.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse à Tass no sábado que a Rússia preparará e entregará uma lista de condições de cessar-fogo a Kiev. Ambos os lados concordaram em trocar listas de condições de cessar-fogo, afirmou Peskov, acrescentando que o conteúdo específico do documento não seria divulgado.