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Mercado chinês libera vasto potencial para café brasileiro, com escala industrial superando US$ 43 bilhões em 2024

Fonte: Xinhua    14.05.2025 16h38

Em 1974, a China e o Brasil celebraram o estabelecimento de relações diplomáticas com café, em vez de vinho. Hoje, o café se tornou uma parte importante do comércio bilateral, dando continuidade a um novo capítulo de intercâmbios amigáveis entre os dois países.

A escala industrial do café da China atingiu 313,3 bilhões de yuans (US$ 43,29 bilhões) em 2024, um aumento anual de 18,1%, e a média de consumo anual de café per capita cresceu para 22,24 copos, um salto de 33% em relação a 2023, segundo um relatório recente.

O Relatório 2025 sobre o Desenvolvimento do Café em Cidades Chinesas, divulgado no final de abril em Shanghai, indicou que a frequência do consumo de café per capita aumentou de 5,6 vezes em 2023 para 7,0 vezes em 2024.

Até o momento, o país asiático tem mais de 300 milhões de consumidores de café. À medida que o mercado consumidor de café se expande de maneira contínua, as importações de café crescem rapidamente.

Em 2024, tanto as importações quanto as exportações de café da China registraram um crescimento robusto, com as importações de grãos de café e produtos relacionados totalizando 9,34 bilhões de yuans, um aumento de 19,6% em termos anuais, informou o relatório.

De acordo com os dados da Administração Geral das Alfândegas (AGA) da China, as importações de café e produtos relacionados somaram 233.800 toneladas em 2024, totalizando US$ 1,312 bilhão, expandindo 18,84% e 18,63% na base anual, respectivamente.

O Brasil foi a maior fonte das importações chinesas de café e produtos relacionados em 2024, com um valor total de US$ 307 milhões, registrando um salto anual de 36,62%, revelou a AGA.

Quanto ao mercado cafeeiro global, o Brasil também reafirmou sua posição de liderança em 2024, registrando uma exportação recorde de 50,4 milhões de sacas a 116 países e marcando um crescimento de 28,5% em relação ao ano anterior, mostraram dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Levando em conta o tamanho da população chinesa e o aumento da classe média, o potencial de consumo do país asiático é gigantesco, disse Márcio Ferreira, presidente do Cecafé.

Atualmente, a China é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009, e também o maior comprador de soja e de carne bovina brasileiras. Nesse contexto, outros segmentos do agronegócio, incluindo o café, também buscaram aumentar sua presença no país asiático.

Em 19 de novembro de 2024, a maior rede de cafeterias chinesa, Luckin Coffee, assinou um Memorando de Entendimento com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Conforme o acordo, a Luckin Coffee comprará um total de 240 mil toneladas de grãos de café do Brasil de 2025 a 2029, avaliados em 10 bilhões de yuans, o que marcou um novo recorde em único pedido de compra por uma empresa chinesa de café.

A cooperação não apenas destacou o potencial de consumo de café cada vez maior na China, mas também revelou o layout estratégico do Brasil, o maior produtor e exportador de café do mundo, no mercado chinês.

Guo Jinyi, CEO da Luckin Coffee, disse que o acordo é um símbolo da relação amigável entre a China e o Brasil. "O consumo de café está crescendo no mercado chinês, enquanto o Brasil produz grãos de alta qualidade e tem técnicas avançadas que atendem a nossa demanda", observou.

Nos primeiros três meses, a receita líquida total da Luckin Coffee somou 8,865 bilhões de yuans, um aumento anual de 41,2%, e o número acumulado de clientes atingiu quase 355 milhões, de acordo com os resultados financeiros do primeiro trimestre de 2025 divulgados ao final de abril.

"O mercado de café em expansão da China reflete a força do consumo e oferece novas oportunidades para fornecedores globais de café", disse Jorge Viana, presidente da ApexBrasil.

Em 12 de maio de 2025, durante a visita de Estado do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, à China, a rede doméstica de bebidas e sorvetes, Mixue Bingcheng, assinou um Memorando de Entendimento com a ApexBrasil, em Beijing.

Tian Zezhong, responsável pelo mercado brasileiro da Mixue, afirmou que a empresa fará uma aquisição de produtos agrícolas brasileiros, incluindo grãos de café, no valor de pelo menos 4 bilhões de yuans nos próximos 3 a 5 anos, além de abrir sua primeira loja no Brasil este ano e, em seguida, iniciar a construção de uma fábrica de cadeia de suprimentos no país, gerando cerca de 25 mil empregos locais.

Nos últimos anos, a Mixue manteve relações comerciais estreitas com as Américas. Em meio ao desenvolvimento da empresa, sua demanda por grãos de café de alta qualidade continuou a crescer. Até o final de abril deste ano, o número de lojas da marca de café moído na hora da Mixue, a Lucky Cup, ultrapassou 5.400 na China.

"Com uma população cada vez mais disposta a experimentar novos sabores e uma demanda crescente por produtos premium e sustentáveis, o Brasil tem uma grande oportunidade para fortalecer sua presença na China", observou Viana.

Seja no café, no suco ou em outros segmentos do agronegócio, o mercado chinês continuará sendo um destino estratégico para exportadores brasileiros, acrescentou o presidente da ApexBrasil.

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