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Rodovia modernizada por empresa chinesa impulsiona exportações de frutas e transforma economia rural no Chile

Fonte: Diário do Povo Online    14.05.2025 14h44

Chen Yiming, Diário do Povo

Caminhão passa por um pedágio localizado na cidade de Talca, no trecho Talca–Chillán, da Rodovia 5, no Chile. Foto:Luiz Branco

Na região de Maule, no Chile, o sol brilha sobre parreiras organizadas e árvores dispostas de forma harmoniosa. Ao sair da Rodovia 5 do Chile, no trecho entre Talca e Chillán (doravante denominado "trecho Tachi"), e atravessar uma estrada rural tranquila, em menos de 20 minutos se chega ao pomar da família Rodríguez, no Vale Central — uma fazenda familiar típica da região.

“Sejam bem-vindos!”, recebe calorosamente Pablo Rodríguez, gerente da fazenda, envergando jeans e um chapéu de palha.

“Nossa fazenda antes cultivava milho e tomate. Em 2012, começamos a nos transformar, passando a plantar cerejas, uvas e melancias, que têm maior valor agregado. Em 2014, exportamos cerejas para a China pela primeira vez. Hoje, todas as cerejas que colhemos são exportadas para a China, e uma parte significativa do vinho que produzimos também vai para lá”, contou Rodríguez ao repórter. Durante a colheita, a fazenda chega a empregar cerca de 500 trabalhadores sazonais — com máquinas roncando, vozes animadas e o perfume das frutas no ar — “é como uma festa”, disse ele, com um sorriso orgulhoso no rosto.

“Garantimos que as cerejas são levadas do pé ao armazém refrigerado em, no máximo, 3 horas, para que mantenham a melhor qualidade ao chegar à China”. Rodríguez explica que as cerejas precisam chegar ao porto no “último minuto” antes da partida do navio. Um sistema logístico rápido e eficiente é essencial para garantir isso.

“Desde que a empresa chinesa assumiu a Rodovia 5 do Chile e realizou sua modernização, nossas cerejas conseguem chegar ao mercado chinês mais rápido e com mais segurança”. A Rodovia 5 do Chile mencionada por Rodríguez é a principal via de ligação entre o norte e o sul do país, e o trecho Tachi, com cerca de 195 km, atravessa a principal região produtora de cerejas do Chile, sendo, por isso, apelidado pelos locais de “Rodovia das Cerejas”. É um dos trechos mais movimentados da Rodovia Panamericana no território chileno.

A Rodovia 5 é operada pelo Grupo Internacional da China Railway Construction, com um modelo integrado de investimento, construção e operação. Desde 2021, quando assumiu a concessão do trecho, a empresa implementou melhorias e ampliação da via, além de uma gestão inteligente: a obra no trecho Tachi incluiu 30 km de ampliação, construção de 54 km de vias de contorno, e instalação de 13 sistemas de pedágio eletrônico.

Em 2022, foi pioneira na adoção de tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID) para cobrança automática. A operação da extensão ao sul, de Chillán até Coipué, iniciada em 2023, abrange a renovação de 166 km de estrada existente e a construção de um novo ramal de 6,6 km, totalizando 172,6 km.

Após a conclusão, o projeto aliviará o tráfego urbano nas principais cidades do sul do Chile, promoverá a integração entre o norte e o sul do país e impulsionará o desenvolvimento das indústrias ao longo da via.

Iván Marambio, presidente da Associação Chilena de Exportadores de Frutas, afirmou que o trecho Tachi conecta produtores, empresas logísticas, portos e mercados internacionais, sendo um canal essencial para que os produtos agrícolas do Chile entrem na China e em outros mercados asiáticos. A modernização da estrada aumentou significativamente a eficiência do transporte e reduziu o tempo para as frutas frescas chegarem aos portos, ajudando os produtores chilenos a obter maior lucro com as exportações, além de promover o emprego e o desenvolvimento industrial ao longo do trajeto.

Juan Álvarez, caminhoneiro que costuma circular entre as cidades de Talca e Coipué, disse: “Desde que a empresa chinesa trouxe o sistema de ‘passagem fluida’, o congestionamento diminuiu bastante e o tempo de transporte caiu muito. Agora, consigo fazer o trajeto de ida e volta duas vezes por dia, o que aumentou bastante minha renda”. Durante as entrevistas, o repórter descobriu que, com a melhoria das condições de transporte ao longo do projeto, a vida das pessoas da região teve mudanças positivas: mais moradores passaram a trabalhar com entregas, vendas, comércio eletrônico e outros setores relacionados, aumentando significativamente sua renda.

Fernando Reyes Matta, diretor do Centro de Estudos sobre a China e a América Latina da Universidade Andrés Bello, afirmou que, sendo o primeiro país latino-americano a assinar um acordo de livre comércio com a China, o Chile tem aumentado suas exportações de frutas e outros produtos agrícolas para o país asiático nos últimos anos, com as cerejas se tornando as "queridinhas" das mesas chinesas no inverno. Por trás desse “comércio doce” entre os dois países, está o apoio de infraestrutura como a Rodovia 5. A conectividade em infraestruturas estabeleceu uma base sólida para a cooperação sino-latino-americana. Rodovias, pontes, escolas, portos e usinas geram empregos e desbloqueiam as veias do desenvolvimento econômico regional.

O modelo de cooperação mutuamente benéfica entre a China e a América Latina permanece amplo e promissor.

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