Por Zhang Rong
Jorge Viana, presidente da ApexBrasil (Foto: Flickr/ApexBrasil)
O Seminário Empresarial China-Brasil foi realizado em Beijing, na segunda-feira (12), com a presença de mais de 400 empresários e líderes institucionais dos dois países. Durante o evento, o Diário do Povo Online entrevistou Jorge Viana, presidente da ApexBrasil.
Parceria histórica e sinergia presidencial
Segundo Viana, o encontro superou todas as expectativas e se tornou o maior já realizado entre os dois países na área comercial. Ele afirmou que tanto o Brasil quanto a China trabalham em defesa do multilateralismo e do livre comércio, mesmo diante das tensões globais atuais.
"O mundo vive um momento de tensionamento, discutindo tarifas e não cumprimento de acordos. E tanto a China como o Brasil estão trabalhando para que a gente tenha multilateralismo e livre comércio", destacou. Viana ressaltou também a sinergia entre os presidentes Xi Jinping e Lula, apontando que essa relação deve se intensificar ainda mais com o Brasil na presidência do BRICS.
O comércio entre os dois países cresceu de US$ 2 bilhões no início dos anos 2000 para cerca de US$ 160 bilhões atualmente, acompanhado por um aumento expressivo nos investimentos.
O sabor do Brasil na mesa dos chineses
Viana enfatizou que o Brasil está deixando de ser apenas um fornecedor de commodities como soja, petróleo e minério de ferro. "Agora está chegando o café, o suco de frutas, as carnes, o couro, o etanol. O povo chinês vai sentir o sabor do maior país tropical do mundo", disse.
Ele defendeu que os produtos brasileiros com maior valor agregado ganhem mais espaço na China, com apoio da ApexBrasil. "Queremos que empresas chinesas associadas a empresas brasileiras possam produzir juntas e exportar para outras regiões, como América Latina, Caribe e África", afirmou.
Sustentabilidade, infraestrutura e integração regional
Além de promover as exportações, Viana destacou o papel estratégico da China como investidora na infraestrutura brasileira. Ele defendeu a ampliação de ferrovias, portos e armazéns, para atender à expansão do agronegócio, citando a ferrovia bioceânica como uma alternativa viável ao Canal do Panamá.
O dirigente sublinhou o protagonismo do Brasil na economia verde, com destaque para os veículos híbridos flex, biocombustíveis e minerais críticos. “Temos uma enorme chance de liderar a transição energética e a China pode ser uma grande parceira nesse processo”, completou.
Na presença dos chefes de Estado da China e do Brasil, o presidente do Conselho Chinês para a Promoção do Comércio Internacional (CCPIT, na sigla inglesa), Ren Hongbin, e o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, assinaram o Memorando de Entendimento sobre Cooperação entre o CCPIT e a ApexBrasil.
As duas partes se comprometeram a apoiar ativamente os intercâmbios entre os setores empresariais da China e do Brasil, com base na ampliação da cooperação em comércio, agricultura, desenvolvimento rural, infraestrutura e investimentos. Além disso, concordaram em fortalecer a colaboração em áreas emergentes como economia digital, manufatura inteligente, energia limpa e tecnologias de baixo carbono.
O lado chinês também deu as boas-vindas à participação do Brasil na Exposição Internacional da Cadeia de Suprimentos da China e na Cúpula de Empresários China-América Latina, entre outros eventos.