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Lula destaca importância dos BRICS, parceria com a China e defesa do multilateralismo na coletiva de imprensa

Fonte: Diário do Povo Online    14.05.2025 14h55

Por Zhang Rong e Lu Yang

Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva  (Foto: Lu Yang / Diario do Povo Online)

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que terminou sua visita de Estado pela China nesta quarta-feira (14), realizou hoje uma coletiva para a imprensa internacional em Beijing. Na ocasião, ele destacou a importância da parceria estratégica com a China, o fortalecimento dos BRICS e a defesa firme do multilateralismo como caminho para a construção de um mundo mais justo e equilibrado.

Lula iniciou sua intervenção ressaltando a relevância de sua visita à China, a segunda durante o atual mandato. "É extremamente importante analisar o crescimento da relação do Brasil com a China. Em 2003, tínhamos um fluxo comercial de US$ 6,6 bilhões. Hoje, atingimos US$ 160 bilhões, com tendência de alta", destacou.

Apesar do superavit de US$ 31 bilhões em favor do Brasil, o presidente reforçou que o objetivo é um comércio mais equilibrado e recíproco: "O bom comércio é aquele em que ambos compram e vendem".

O presidente brasileiro também defendeu que a cooperação com a China vá além do comércio e envolva áreas como inovação tecnológica, transição energética, inteligência artificial e desenvolvimento sustentável. "Queremos que os chineses nos ajudem a dar esse salto tecnológico", afirmou.

No campo político, Lula fez um apelo contundente pela valorização do multilateralismo, criticando tentativas de imposição de visões unilaterais no cenário internacional. "Foi o multilateralismo que sustentou certa concórdia no mundo após a Segunda Guerra Mundial. Enfraquecê-lo é um erro", declarou, defendendo também o combate ao protecionismo.

O presidente celebrou avanços nas negociações comerciais entre a China e os Estados Unidos, apontando uma flexibilização nas tarifas como sinal positivo para o equilíbrio global. Enfatizou ainda que o Brasil busca boas relações com todas as potências: "Quando quero melhorar com a China, não é para piorar com ninguém. Quero melhorar com os EUA, com a União Europeia".

Ao relembrar o reconhecimento da China como economia de mercado ainda em seu primeiro mandato, Lula afirmou que a China deve ser vista "com mais carinho e sem preconceito", citando o feito histórico do país asiático ao tirar 800 milhões de pessoas da pobreza em apenas quatro décadas. “A China não é só um exemplo para o Brasil, é um exemplo para o mundo”.

Sobre os BRICS, Lula disse acreditar que o bloco representa uma nova força geopolítica do Século XXI. "Queremos que os países em desenvolvimento sejam respeitados na ordem mundial. Os BRICS são a possibilidade de mudar a história e incluir os excluídos no sistema político e econômico global".

Ele também mencionou a proposta de realizar comércio em divisas locais, reduzindo a dependência do dólar. “Não queremos brigar com o dólar, mas criar alternativas. Quem decidiu que o dólar seria a moeda padrão?”, questionou, propondo um sistema mais justo para os países em desenvolvimento.

Na questão da paz global, Lula reiterou o papel do Brasil como defensor do diálogo e da resolução pacífica de conflitos. “O Brasil é o país do consenso, da democracia, da paz. Não temos contencioso com nenhum país do mundo”.

Por fim, ao mencionar a futura realização da COP30 no Brasil, o presidente reforçou a necessidade de uma nova governança global baseada na igualdade, na parceria e no respeito mútuo: “O mundo não quer mais chefes nem xerifes. Queremos parceiros”.

Com essa visão ampla e firme, o presidente Lula reafirma o protagonismo do Brasil na construção de uma nova ordem internacional mais inclusiva, solidária e sustentável.

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