Português>>Atualidade

Maior encontro empresarial da história entre Brasil e China marca nova era na parceria estratégica

Fonte: Diário do Povo Online    13.05.2025 14h31

Por Zhang Rong

O presidente brasileiro Lula está em visita de Estado à China, de 10 a 14 de maio, dando o pontapé inicial no que autoridades brasileiras já classificam como "um marco nas relações bilaterais".

O destaque da agenda é o "Seminário Empresarial China-Brasil", realizado em Beijing, na segunda-feira (12), com a presença de mais de 400 empresários e líderes institucionais dos dois países. O evento é organizado pela ApexBrasil, Itamaraty, MDIC, e conta com o apoio do Comitê Empresarial Brasil-China.

O Diário do Povo Online realizou a cobertura do evento, onde entrevistou várias individualidades presentes para obter declarações sobre a visita do presidente e desenvolvimentos das relações bilaterais.

"O mundo vive um momento de tensionamento, discutindo tarifas, não cumprimento de acordos", afirmou Jorge Viana, presidente da ApexBrasil. Segundo ele, Brasil e China têm se destacado por adotarem uma postura contrária a esse movimento de retração global. "Estamos trabalhando para que haja mais multilateralismo e livre comércio", completou. Para Viana, o seminário de hoje "é o maior encontro da história realizado pelo Brasil e China do ponto de vista comercial".

A avaliação é de que o momento representa uma inflexão positiva na história da cooperação sino-brasileira. "Podemos estar vivendo um momento histórico nessa relação, depois de 50 anos da retomada das relações diplomáticas e 21 anos do COSBAN", pontuou Viana. Ele destacou também a sintonia entre os presidentes Lula e Xi Jinping: "Eles já se encontraram muitas vezes e vão se encontrar ainda mais, especialmente agora com o Brasil na presidência dos BRICS".

A sinergia entre os líderes também foi destacada por Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia. "A China é hoje, sem dúvida, a maior parceira comercial do Brasil, e também a maior parceira política", declarou. Silveira explicou que Lula defende o multilateralismo e o diálogo como ferramentas para políticas públicas mais eficazes. "O presidente Xi Jinping compartilha da mesma visão. Essa sinergia se robustece ainda mais com as taxações dos Estados Unidos", criticou, acrescentando que "torcemos para que as bravatas do presidente americano recuem".

No campo da agricultura, a expectativa é ampliar ainda mais os laços com os chineses. "Desde o retorno do presidente Lula, a orientação é clara: fortalecer as relações internacionais, especialmente com os BRICS", afirmou Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária. Para ele, "a China é o principal parceiro brasileiro e queremos aprofundar essa relação". Ele também destacou o papel da América Latina na estratégia do Sul Global. "Estamos crescendo juntos, com oportunidades e desenvolvimento social", concluiu.

A pauta energética também foi enfatizada. Para o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, "um país só, um continente só, não fará a transição energética se não houver multilateralidade". Ele frisou que o Brasil tem "potencial enorme" em energia solar, eólica, biomassa e minérios estratégicos. "O presidente Lula tem insistido muito na urgência de uma transição energética intensa, e com justiça social", disse.

Na mesma linha, o chefe de gabinete da presidência do Brasil, Rui Costa, ressaltou que o objetivo desta missão é transformar compromissos políticos em ações concretas. "Queremos materializar os acordos assinados na visita do presidente Xi Jinping ao Brasil, em novembro", explicou. "Estamos promovendo encontros entre empresários para viabilizar investimentos. Seja com empresas chinesas vindo para o Brasil, ou brasileiras entrando no mercado chinês — os dois caminhos estão abertos", declarou.

Costa também comentou sobre setores estratégicos para o Brasil, como energia limpa e biocombustíveis. "Temos um diferencial competitivo importante. E também estamos recebendo investimentos da indústria automobilística chinesa, o que vai gerar empregos e tecnologia no nosso país."

Na área da saúde, Alexandre Padilha trouxe novidades promissoras. "Essa visita permitiu consolidar uma parceria estratégica com o Ministério da Saúde da China e com empresas chinesas", revelou. Segundo ele, o Brasil está prestes a assinar "três grandes acordos em áreas distintas da tecnologia da saúde". Um dos projetos envolve o desenvolvimento conjunto de vacinas. "Vamos levar para o Brasil mais produtos, mais tecnologia, mais conhecimento e mais renda", celebrou o ministro.

O seminário foi encerrado com a presença ilustre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e presidente da Federação Nacional da Indústria e Comércio da China (ACFIC), Gao Yunlong. Ambos discursaram na cerimônia de encerramento, reforçando o compromisso político de alto nível com a parceria sino-brasileira.

Ao dirigir-se aos empresários presentes, o presidente Lula fez uma fala enfática e carregada de convicção. "Eu quero terminar dizendo para vocês: na minha opinião, a construção dessa aliança econômica entre China e Brasil, a construção dessa troca de parcerias entre empresas brasileiras e empresas chinesas não tem retorno. Não tem retorno", declarou.

Lula destacou que a relação comercial entre os dois países deve ser equilibrada e vantajosa para ambos os lados: "Nós queremos exportar mais e também queremos comprar mais. Porque a boa política comercial é aquela que é uma via de duas mãos: você compra e você vende. É um jogo de ganha-ganha, não é um jogo de perde-ganha."

O presidente também garantiu que seu governo está totalmente empenhado em fortalecer essa relação: "Se depender do meu governo e se depender da minha disposição, Brasil e China serão parceiros incontornáveis. A nossa relação será indestrutível, porque a China precisa do Brasil e o Brasil precisa da China."

Encerrando sua fala, Lula lançou um apelo simbólico em defesa do Sul Global: "Nós dois juntos poderíamos fazer com que o Sul Global seja respeitado no mundo como nunca foi. Por isso eu agradeço esta reunião e quero dar os parabéns aos empresários e empresárias brasileiras que vieram aqui e aos empresários chineses e às empresárias que participaram desta reunião. Boa sorte para todos nós."

Com palavras firmes e otimismo renovado, a cerimônia de encerramento coroou um dia histórico que reforça o compromisso entre Brasil e China por um futuro de cooperação profunda, sustentável e estratégica.

comentários

  • Usuário:
  • Comentar: