A COP30, que será realizada em novembro de 2025 em Belém, região amazônica brasileira, será um momento decisivo para o futuro climático do planeta, reunindo líderes mundiais para atualizar e fortalecer seus compromissos de combate às mudanças climáticas, disse a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Brasil, Marina Silva, nesta terça-feira.
Durante o simpósio Conectando Clima e Natureza: Recomendações para Negociações Multilaterais, realizado em Brasília, Marina Silva disse que a COP-30 não é um evento comemorativo, mas sim uma oportunidade crucial para os países avançarem na transição para economias mais limpas, alinhadas ao Acordo de Paris.
"Não é festa, é luta. Não é a Copa do Mundo, não é a Olimpíada, é uma COP, que a gente poderia dizer que vem em um momento em que estamos vivendo a pedagogia do luto e da dor por muitas coisas, inclusive pela ameaça ao multilateralismo, solidariedade e a colaboração entre os povos", enfatizou
Marina Silva enfatizou que o enfrentamento do aquecimento global passa por um planejamento para substituir combustíveis fósseis por fontes de energia renováveis e menos poluentes, garantindo uma transição justa.
"Temos que nos planejar para o fim dos combustíveis fósseis, porque, se não o fizermos, seremos forçados a mudar. E já estamos sendo mudados", declarou, aludindo aos efeitos visíveis das mudanças climáticas, como eventos climáticos extremos, secas, incêndios florestais e desemprego.
Para a ministra, a apresentação de novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) pelos países signatários do Acordo de Paris será um passo fundamental na COP-30. "Gosto da ideia de planejar a mudança porque assim podemos fazê-la gradualmente e evitar suas piores consequências", comentou.
Marina Silva lembrou ainda que em 2023 o planeta atingiu uma temperatura 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, limite considerado crítico pela comunidade científica."O clima é parte da natureza, mas a gente fez algo tão terrível que agora a gente tem que conectar clima e natureza como se fosse algo separado", afirmou.
A ministra também lembrou os compromissos assumidos há mais de três décadas na Cúpula da Terra (ECO-92), realizada no Rio de Janeiro, e destacou que a COP-30, que ocorrerá de 10 a 21 de novembro em Belém, capital do Pará, representa uma continuidade e um aprofundamento desse legado ambiental.
A ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara, também participou do simpósio e destacou a necessidade de reconhecer e valorizar o conhecimento tradicional indígena como ciência no contexto das negociações internacionais sobre o clima.
"Não estamos preocupados com a quantidade, mas sim com a qualidade de como os povos indígenas podem fazer valer o que o Acordo de Paris estabelece: o reconhecimento do nosso conhecimento como parte da solução", afirmou.
Guajajara enfatizou que a relação ancestral entre os povos indígenas e a natureza é fundamental para preservar a biodiversidade e enfrentar os desafios globais. "Os povos indígenas do Brasil não construíram grandes cidades; eles construíram uma vasta floresta. Essa biodiversidade não é espontânea; é fruto da ação contínua daqueles que habitam e cuidam da Amazônia há séculos", concluiu.