Após o primeiro experimento de "criação de peixes espaciais" da China ter produzido resultados frutíferos, os "peixes astronautas" devem embarcar em outra jornada para a Estação Espacial Tiangong este ano para ajudar cientistas a estudar os efeitos do ambiente espacial no desenvolvimento muscular e ósseo de vertebrados, informou a Xinhua na quarta-feira (15), citando o Centro de Tecnologia e Engenharia para Utilização Espacial da Academia Chinesa de Ciências (CAS, na sigla em inglês).
Os "peixes astronautas" serão o pequeno peixe-zebra tropical de água doce, que compartilha mais de 70% de seu genoma com humanos e serve como um organismo modelo crucial em áreas de pesquisa como ciências biológicas, ciências da saúde e ciências ambientais - ganhando o apelido de "ratos de laboratório na água", explicou Wang Gaohong, pesquisador do Instituto de Hidrobiologia da CAS.
Em abril de 2024, o "Aquário Tiangong" contendo quatro peixes-zebra e quatro gramas de antócero foi enviado para a estação espacial da China a bordo da espaçonave Shenzhou-18 junto com três astronautas. Foi instalado no gabinete de vida e ecologia do módulo Wentian para conduzir experimentos espaciais, marcando o primeiro estabelecimento bem-sucedido da China de um ecossistema aquático autossustentável em órbita.
Cientistas simularam o ciclo material da biosfera por meio de peixe-zebra e antócero, permitindo o equilíbrio de gás e a estabilidade de longo prazo do ecossistema aquático. O ecossistema operou de forma estável na estação espacial por 43 dias, estabelecendo um recorde mundial para a mais longa operação em órbita de um ecossistema aquático espacial, informou a Xinhua.
"O peixe-zebra, que embarcou na estação espacial da China pela primeira vez, prosperou e até pôs ovos", disse Wang, "isso indica que o ecossistema aquático autocirculante em órbita da China pode servir como uma plataforma para o peixe-zebra auxiliar cientistas em pesquisas de saúde espacial", explicou ele.
Wang disse que o peixe-zebra deve partir novamente este ano, e o segundo "Aquário Tiangong" está planejado para incluir seis peixes-zebra e seis gramas de antócero. Por meio do peixe-zebra, os cientistas se concentrarão em estudar o impacto da microgravidade nas proteínas dos músculos e ossos dos vertebrados.
A microgravidade no espaço leva a várias alterações fisiopatológicas no corpo humano, como disfunção cardiovascular, diminuição da função imunológica, perda óssea, atrofia muscular, distúrbios endócrinos, entre outros. Seu mecanismo de ação sempre foi um dos tópicos científicos importantes no estudo dos efeitos biológicos espaciais. Ao estudar o peixe-zebra no espaço, os humanos poderão obter uma compreensão mais abrangente de como o ambiente espacial afeta genes, células e organismos inteiros, oferecendo insights valiosos para futuras explorações espaciais.