O ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Fávaro, expressou na segunda-feira seu apoio à decisão dos frigoríficos brasileiros de suspender o fornecimento de carne ao grupo Carrefour no Brasil.
A medida foi tomada depois de o CEO Mundial do Carrefour, Alexandre Bompard, ter declarado na última quarta-feira que a rede deixaria de comprar carne do Mercosul - Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai - para o mercado francês, alegando que "não atende" aos requisitos e normas da União Europeia.
O Carrefour Brasil havia afirmado, por sua vez, que "nada muda nas operações do país" e que a rede continuou comprando carne de produtores locais.
Os grandes frigoríficos brasileiros decidiram em resposta suspender a venda de carne para a subsidiária do grupo francês no Brasil.
"Isto não é um boicote econômico. O problema é a forma como o CEO do Carrefour abordou o assunto, principalmente no primeiro parágrafo de sua carta, onde questiona a qualidade sanitária das carnes brasileiras. Isso é inaceitável", disse o ministro nesta segunda-feira em entrevista à emissora Globonews.
"A França compra carne do Brasil há quarenta anos e só agora detecta algum problema? É um absurdo, ainda mais se pretende impor uma barreira comercial. Estou feliz com a atitude dos nossos fornecedores: se o Carrefour não é adequado para o público francês comprar carne brasileira, então o Carrefour também não deveria comprar carne brasileira para suas lojas aqui no Brasil", afirmou.
O ministro destacou ainda que a França é o único país que cria obstáculos à assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, que criaria a maior área de livre comércio do mundo.
Na semana passada, em nota oficial, o ministério lamentou a posição do Carrefour, ressaltando que "por questões protecionistas, influencia negativamente a compreensão dos consumidores sem qualquer critério técnico que justifique tais afirmações".
A decisão de não vender carne ao grupo Carrefour conta com o apoio da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), que reúne 43 empresas do setor, responsáveis por 98% da carne exportada para os mercados internacionais.
Na última quinta-feira, grandes frigoríficos como JBS, Marfrig e Masterboi interromperam o fornecimento de carne bovina ao Carrefour, bem como a outras duas lojas do grupo, os mercados Atacadão e Sam's Club.
O ministro Fávaro destacou que, além dos produtores de carne bovina, os produtores de frango também estão tomando medidas semelhantes.
A França representa 0,5% das exportações internacionais de carne brasileira e, em conjunto, a União Europeia representa entre 3,5% e 5%.
