A Polícia Federal brasileira desmantelou nesta terça-feira, em colaboração com as autoridades italianas, uma gangue ligada à máfia italiana que se dedicava à lavagem de dinheiro do crime organizado, informaram fontes policiais.
Batizada de Arancia, a operação foi realizada no estado do Rio Grande do Norte após mais de dez anos de investigações.
A polícia brasileira garantiu que a máfia italiana opera na região há uma década, utilizando empresas fictícias e laranjas para facilitar a movimentação e ocultação de fundos ilícitos de atividades criminosas internacionais.
Estima-se que o grupo tenha investido nada menos que 300 milhões de reais no Brasil, utilizando esses fundos para adquirir propriedades e infiltrar-se nos mercados imobiliário e financeiro brasileiros. Contudo, segundo as autoridades italianas, o valor total dos ativos investidos poderá exceder 500 milhões de euros.
A operação resultou na execução de um mandado de prisão contra um integrante da máfia e cinco mandados de busca e prisão em três estados brasileiros: Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Piauí.
Ao mesmo tempo, a Direção Antimáfia do Distrito de Palermo coordenou 21 buscas em várias regiões da Itália e da Suíça. Foram mobilizados mais de 100 agentes financeiros italianos, alguns dos quais estão no Brasil colaborando na execução de ordens judiciais em Natal.
Os crimes investigados incluem associação mafiosa, extorsão, lavagem de dinheiro e transferência fraudulenta de valores, com o agravante de apoiar famílias notórias da máfia.
Além disso, como parte das medidas para desmantelar o esquema e recuperar ativos financeiros, a Justiça Federal autorizou a apreensão de bens imóveis e o bloqueio de contas bancárias associadas aos suspeitos e às empresas de fachada envolvidas. Essas ações têm como objetivo garantir a reparação dos danos causados pelas atividades ilícitas e impedir a continuidade das operações criminosas.
Vale destacar neste contexto a colaboração internacional através da criação de uma Equipe Conjunta de Investigação (EIC) em 2022, da qual participam a Polícia Federal brasileira, o Ministério Público Federal e autoridades judiciais e policiais italianas, com o apoio da Eurojust, uma agência da União Europeia que facilita investigações e processos judiciais envolvendo vários países, auxiliando na troca de informações e na formação de equipes conjuntas de investigação.