Um grupo de cientistas chineses descobriu um novo material supercondutor que se torna ativo a temperaturas relativamente mais altas, marcando um avanço na busca por supercondutores mais facilmente acessíveis.

Os materiais supercondutores possuem várias propriedades úteis, incluindo resistência elétrica zero, o que significa que permitem a passagem livre de correntes elétricas, quando os materiais são resfriados abaixo de uma certa temperatura muito baixa, chamada de temperatura de transição, geralmente abaixo de 230 graus Celsius negativos.

No estudo, publicado na revista científica Nature, os pesquisadores observaram uma temperatura máxima de transição de 80 K (menos 193 graus Celsius) em monocristais de La3Ni2O7 sob alta pressão.

Wang Meng, da Universidade Sun Yat-sen, disse que o novo material é um niquelato (composto contendo níquel) e representa uma segunda família supercondutora não convencional que possui temperaturas de transição acima de 77 K (menos 196 graus Celsius) depois que cupratos (contendo cobre) com altas temperaturas de transição foram descobertos em 1986.

Tanto os supercondutores de cuprato como os de niquelato se tornam supercondutores em uma faixa de temperatura onde o nitrogênio está em estado líquido. O nitrogênio líquido, como resfriador dos supercondutores, pode ser fabricado a baixo custo, permitindo que tais supercondutores sejam utilizados em mais cenários.

Embora a supercondutividade de alta temperatura de transição em cupratos seja conhecida há três décadas, o mecanismo subjacente permanece um mistério, de acordo com o artigo. A nova descoberta oferece caminhos adicionais de pesquisas futuras que podem permitir aos cientistas desvendar esse mistério, com grandes implicações para a tecnologia.

"A estrutura eletrônica e o magnetismo do niquelato são completamente diferentes dos cupratos. Isso pode levar os cientistas a decifrarem o mecanismo da supercondutividade de alta temperatura de transição por meio de estudos comparativos", destacou Wang.

Uma vez que o mecanismo tenha sido mais completamente compreendido, computadores e tecnologias de inteligência artificial poderiam ser usados para projetar e sintetizar novos materiais supercondutores que têm altas temperaturas de transição e são mais facilmente aplicáveis, acrescentou Wang.