Especialistas financeiros antecipam que a demanda reprimida do consumo na China será desencadeada após as poupanças das famílias no país terem atingido um novo recorde no ano passado.
Em 2022, os novos depósitos das famílias chinesas aumentaram 17,84 trilhões de yuans (cerca de 2,57 trilhões de dólares americanos), 7,94 trilhões de yuans a mais do que no ano anterior, disse Liu Guoqiang, vice-governador do Banco Popular da China, durante uma coletiva de imprensa.
Liu atribui o aumento das poupanças às mudanças nos padrões de consumo e investimento. "A pandemia de Covid-19 teve um certo impacto no consumo, enquanto o apetite pelo risco dos residentes diminuiu e o crescimento do investimento abrandou, promovendo, assim, o aumento dos depósitos", afirmou.
Uma pesquisa aos depósitos do banco central demonstrou que 61,8% dos residentes pretendiam economizar mais dinheiro no quarto trimestre de 2022 - um aumento de 10% em relação ao ano anterior, enquanto os que preferiam gastar mais representaram 22,8% - uma queda de 1,9% em relação ao ano anterior.
Deste modo, uma das apreensões da economia chinesa era que, apesar da reabertura, as pessoas pudessem continuar preocupadas com a Covid-19 e não retomassem a vida normal. Caso isso se verificasse, suas ações coletivas levariam a alguns danos permanentes no consumo.
No entanto, os dados sobre o consumo e a mobilidade durante o feriado do Ano Novo Chinês provavelmente colocaram essas preocupações de lado, disse Robin Xing, economista-chefe da Morgan Stanley para a China, à Xinhua, em uma entrevista recente.
"A maior parte dessa economia extra é preventiva, pois os consumidores economizaram mais devido às perspetivas de renda incerta. Esse processo pode ser parcialmente revertido", disse Xing.
O consumo da China vem recuperando rapidamente, com alguns setores quase retomando os níveis pré-pandemia.