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Economia mundial crescerá 1,9% em 2023, prevê relatório da ONU

Fonte: Xinhua    27.01.2023 09h21

O crescimento da produção mundial deve desacelerar de 3,0% em 2022 (estimado) para 1,9% em 2023, uma das menores taxas de crescimento das últimas décadas, de acordo com um relatório da ONU divulgado nesta quarta-feira.

O documento, Situação e Perspectivas Econômicas Mundiais em 2023, prevê que o crescimento global acelerará moderadamente para 2,7% em 2024, já que alguns ventos macroeconômicos contrários devem começar a diminuir no próximo ano.

Em meio à alta inflação, aperto monetário agressivo e incertezas elevadas, o atual declínio desacelerou o ritmo da recuperação econômica da crise COVID-19, ameaçando vários países - desenvolvidos e em desenvolvimento - com perspectivas de recessão em 2023, explica.

O ímpeto de crescimento enfraqueceu significativamente nos Estados Unidos, na União Europeia e em outras economias desenvolvidas em 2022, impactando negativamente o resto da economia global por meio de vários canais.

Nos Estados Unidos, o Produto Interno Bruto (PIB) deve expandir em apenas 0,4% em 2023, após um crescimento estimado de 1,8% em 2022, segundo o texto.

Estima-se que o crescimento na China melhore moderadamente em 2023. À medida que o governo ajustou sua política de COVID no final de 2022 e flexibilizou as políticas monetária e fiscal, o crescimento econômico chinês deve acelerar para 4,8% em 2023, de acordo com o relatório.

O aperto das condições financeiras globais, juntamente com um dólar forte, exacerbou as vulnerabilidades fiscais e da dívida nos países em desenvolvimento.

A maioria dos países em desenvolvimento viu uma recuperação lenta do emprego em 2022, continuando a enfrentar considerável falta de empregos, apontou o relatório.

O mesmo alerta que o crescimento mais lento, juntamente com inflação elevada e as crescentes vulnerabilidades de dívida, ameaçam causar retrocesso adicional em conquistas duramente obtidas no desenvolvimento sustentável, aprofundando os efeitos já negativos das crises atuais.

Em 2022, o número de pessoas submetidas à insegurança alimentar aguda mais do que dobrou em relação a 2019, chegando a quase 350 milhões. Um período prolongado apresentando fraqueza econômica e lento crescimento de renda não apenas vai dificultar a erradicação da pobreza, mas também restringir a capacidade dos países de investir nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de 2030 de forma mais ampla, enfatiza.

"As crises atuais estão atingindo mais duramente os mais vulneráveis - muitas vezes sem culpa própria. A comunidade global precisa intensificar esforços conjuntos para evitar o sofrimento humano e apoiar um futuro inclusivo e sustentável para todos", disse Li Junhua, subsecretário-geral da ONU para assuntos econômicos e sociais, em um comunicado sobre a divulgação do relatório.

O relatório pede que os governos evitem a austeridade fiscal que sufocaria o crescimento e afetaria desproporcionalmente os grupos mais vulneráveis, afetaria o progresso na igualdade de gêneros e impediria as perspectivas de desenvolvimento entre gerações.

Recomenda a realocação e a repriorização dos gastos públicos por meio de intervenções políticas diretas que criarão empregos e revigorarão o crescimento, observando que isso exigirá o fortalecimento dos sistemas de proteção social, bem como a garantia do apoio contínuo por meio de subsídios direcionados e temporários, transferências de renda e descontos nas contas de serviços públicos, que podem ser complementados com reduções nos impostos sobre o consumo ou obrigações aduaneiras.

"A pandemia, as crises globais de alimentos e energia, os riscos climáticos e uma possível crise da dívida em muitos países em desenvolvimento estão testando os limites das estruturas multilaterais existentes", diz o relatório. "A cooperação internacional nunca foi tão importante quanto agora para enfrentar múltiplas crises globais e trazer o mundo de volta aos trilhos para alcançar o ODS."

As necessidades adicionais de financiamento para o ODS nos países em desenvolvimento variam de acordo com a fonte, mas estima-se que totalizem alguns trilhões de dólares americanos por ano, de acordo com o relatório.

Um compromisso internacional mais forte, aponta o relatório, é urgentemente necessário para expandir o acesso à assistência financeira de emergência, para reestruturar e reduzir os encargos de dívida entre os países em desenvolvimento e ampliar o financiamento para o ODS.

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