Passagens de trem rapidamente vendidas, aeroportos lotados de passageiros, e bazares zumbindo com pedestres e compradores -- cenas familiares da Festa da Primavera que estão voltando à China.
Tendo a vida e o trabalho voltado rapidamente ao normal antes do Ano Novo Lunar, as expectativas para as perspectivas econômicas da China em 2023 floresceram. Apesar dos impactos da COVID-19 e das incertezas globais, a China ainda assim superou a maioria das outras grandes economias com um crescimento de 3% do PIB em 2022.
Durante os últimos três anos, a China fez os maiores esforços para salvar vidas e proteger a saúde pública, mantendo os impactos sociais e econômicos da pandemia nos níveis mais baixos possíveis.
SALVAR VIDAS
Hu Ke, médico do trato respiratório do Hospital Renmin da Universidade de Wuhan, lembra-se claramente como um vírus alienígena transformou os hospitais da cidade de Wuhan em uma zona de guerra.
Em janeiro de 2020, um surto repentino de uma pneumonia anteriormente desconhecida enviou um afluxo de pacientes com febre para as enfermarias de Hu, muitos com sintomas que avançavam rapidamente.
"Muitos pacientes tinham dificuldades ao respirar como se 'tivessem pedras pressionando o peito'. Seus pulmões ficavam nublados (em imagens de TC) em três a cinco dias", disse o médico veterano.
Naquela época, esta doença ainda não se chamava COVID-19. Os médicos não tinham nem experiência de tratamento nem terapêutica comprovadamente eficaz. Não existiam vacinas para amortecer a população contra a epidemia em fúria.
"Em retrospectiva, poderíamos ter enfrentado uma situação desastrosa se a cidade não tivesse suspendido todos os trens e voos de saída para retardar a transmissão do vírus", disse Hu.
O pior cenário possível foi evitado com a China fechando os canais de saída da Província de Hubei e de sua capital, Wuhan. Dezenas de milhões de pessoas pararam seu trabalho regular e suas vidas para quebrar as cadeias de transmissão.
Em um artigo intitulado "China Sacrifica uma Província para Salvar o Mundo do Coronavírus", Bloomberg citou médicos e especialistas que sugeriram que a contenção agressiva em Wuhan e Hubei era o mais difícil porém o correto a fazer. A mesma funcionou limitando a propagação do coronavírus a nível nacional e global.
"A ideia de sacrificar a si mesmo por um objetivo maior, nacional, está profundamente enraizada na cultura chinesa", menciona o artigo.
Em uma mobilização massiva em todo o país, a China enviou mais de 40.000 trabalhadores médicos para Hubei e Wuhan, que foram duramente atingidas. A chegada dos mesmos, juntamente com o influxo de suprimentos essenciais de toda a China, ajudaram a resolver a epidemia em cerca de três meses.
Durante os dois anos seguintes, a China continuou a prevenir infecções generalizadas causadas pela cepa original, mais patogênica, do SARS-CoV-2, e sua variante Delta, mantendo o número de mortes ao mínimo, enquanto ganhava tempo para o desenvolvimento de vacinas e terapêuticas de COVID-19.
Quando a China lançou vacinas contra a COVID-19 em 15 de dezembro de 2020, a parte continental da China havia relatado 4.634 mortes causadas pela COVID-19, tendo aumento nulo por muitos dias. Por comparação, Já havia 300.000 mortes quando os Estados Unidos lançaram seu processo de vacinação um dia antes.
Com a Omicron muito menos patogênica e mortal e o tratamento, testes e capacidade de vacinação da China aumentando constantemente, a China anunciou em dezembro do ano passado 10 novas medidas para levantar inúmeras restrições da COVID-19. Em 8 de janeiro, sua administração da COVID-19 foi oficialmente rebaixada da Classe A para a Classe B.
As últimas mudanças políticas ocorreram somente depois que a China desenvolveu e aprovou mais de uma dúzia de tipos de vacinas contra COVID-19. Mais de 90% da população foi totalmente vacinada.
Três anos de luta contra a COVID-19 permitiram que a China estivesse mais bem preparada para o recente pico de infecções. No final de 2022, a China tinha 216.000 leitos de terapia intensiva e 135.000 leitos conversíveis. As áreas rurais estabeleceram uma rede de serviços de saúde, com 23.000 instituições médicas de nível distrital, 35.000 hospitais de nível de vila e 599.000 clínicas de nível de vilarejo prestando serviços aos pacientes.
Em vez de uma abordagem de não interferência, a China mudou o foco do controle de infecções para o cuidado da saúde das pessoas e a prevenção de casos graves. Investiu muito para expandir a capacidade de tratamento e garantir o abastecimento médico em áreas rurais menos desenvolvidas. Notícias abundam de pacientes centenários que se recuperaram, pois os hospitais não poupam esforços no tratamento de idosos e outras pessoas vulneráveis.
Menos de um mês após a otimização das medidas de resposta à COVID-19, em dezembro, a China relatou uma diminuição do número de pacientes com febre e casos críticos de COVID-19, já que ambos haviam passado o pico.
"Atualmente, 75,3% dos leitos para casos graves estão em uso", disse Jiao Yahui, chefe do Departamento de Administração Médica da Comissão Nacional de Saúde, acrescentando que o número total de leitos para tratamento intensivo é suficiente para atender às necessidades de tratamento.
MANTER CRESCIMENTO
Destinos turísticos movimentados, restaurantes lotados e linhas de montagem em plena operação -- os últimos sinais de que a resposta otimizada da COVID-19 colocou a China no caminho rápido da recuperação econômica.
"Nossas encomendas já estão cheias para 2023", disse Chen Jingyi, diretor do departamento de comércio exterior da Quangong Machinery Co., Ltd., um dos principais fabricantes de máquinas de blocos e tijolos de concreto na Província de Fujian, no leste da China.
A empresa enviou recentemente uma equipe para a Europa, Sudeste Asiático e Oriente Médio, e trouxe de volta encomendas no valor de US$ 20 milhões.
Nos últimos três anos, apesar de várias rodadas de surtos de COVID-19 e dos ventos contrários globais, a economia da China não parou. Ela tem mantido forte resiliência e grande potencial, e seus fundamentos positivos de longo prazo permanecem inalterados.
Em 2020, a economia chinesa ultrapassou pela primeira vez 100 trilhões de yuans (US$ 14,8 trilhões), tornando-se a primeira grande economia do mundo a alcançar um crescimento econômico positivo apesar da pandemia. A economia atingiu outro recorde em 2022, subindo acima do limiar de 121 trilhões de yuans.
Ao lidar efetivamente com surtos domésticos, a China garantiu a segurança das cadeias industriais e de suprimento globais, e injetou certeza na recuperação econômica mundial.
Nos primeiros dias da pandemia, quando o transporte aéreo, rodoviário e portuário internacional sofreu uma interrupção significativa, o serviço de trens de carga China-Europa tornou-se um estabilizador na cadeia de suprimento global.
Em 2020, os trens de carga China-Europa fizeram 12.400 viagens, transportando mais de 1,13 milhão de TEUs - unidades equivalentes a vinte pés de mercadorias. Em 2022, esses números subiram ainda mais para 16.000 viagens e 1,6 milhão de TEUs.
Diante do surto da COVID-19, a China tomou todas as medidas necessárias para deter a rápida disseminação do vírus, o que garantiu a saúde das pessoas e permitiu ao país desempenhar seu papel na estabilização da economia mundial, disse Gu Qingyang, professor associado da Escola Lee Kuan Yew de Políticas Públicas da Universidade Nacional de Cingapura.
"A pandemia atormentou o crescimento global, enquanto a China, como a segunda maior economia do mundo, conseguiu manter a estabilidade da cadeia de abastecimento global com seu comércio massivo, mesmo em 2022, quando a variante Omicron atingiu o país", disse Gu.
Com uma efetiva resposta a COVID-19, a China continua sendo um dos destinos de investimento mais atraentes do mundo, e várias exposições realizadas na China -- incluindo a Exposição Internacional de Importação, a Feira de Importação e Exportação da China e a Feira Internacional de Comércio de Serviços da China -- criaram tremendas oportunidades de negócios para empresas globais.
Em 2022, o comércio total de mercadorias da China e o uso efetivo de investimentos estrangeiros registrou novos recordes. Múltiplos meios de comunicação estrangeiros prevêem um forte crescimento da economia chinesa em 2023, o que é um impulso para a economia global debilitada.
Enquanto o panorama global é negativo, incluindo uma reviravolta no crescimento da renda real dos EUA, a rápida "reabertura" da China e a liberação da demanda reprimida dos consumidores na Ásia podem compensar a desaceleração em outros lugares, disse um artigo de opinião publicado pelo South China Morning Post no sábado passado.
Dada a constante otimização das políticas de COVID-19 da China e a recuperação do consumo interno chinês, muitos investidores estrangeiros lançaram um "voto de confiança" no crescimento da economia chinesa, aumentando os investimentos. Goldman Sachs e Morgan Stanley elevaram a previsão de crescimento do PIB da China para 2023 para mais de 5%.
As sessões anuais dos congressos da população local na China enviaram um sinal promissor, com a maioria das regiões de nível provincial fixando suas metas de crescimento econômico para 2023 em 6% ou mais. Uma série de medidas nos setores fiscal, tributário, financeiro e de serviços também serão introduzidas para apoiar as empresas na redução de custos, na criação de empregos, no aumento da produção e na exploração de novas formas de negócios.
IMPULSIONAR DESENVOLVIMENTO
Han Baohua, um aldeão da Província de Hebei, estava ocupado com a colheita do último lote de alho-porro amarelo antes do início da Festa da Primavera, que cai neste domingo.
"O mercado está bom antes do feriado, pois vendi mais de 400 potes de alho-poró amarelo", disse Han, que fez mais de 50.000 yuans com as recentes vendas de alho-poró.
Apesar dos impactos do clima extremo e da COVID-19, a China conseguiu alcançar mais uma colheita de grãos excelente em 2022. A produção de grãos do país totalizou cerca de 686,53 bilhões de quilos em 2022, um aumento de 0,5% em relação a 2021.
Em sua luta de três anos com a COVID-19, a China manteve um ambiente social sólido, como demonstrado na estabilidade do mercado de trabalho e nos preços ao consumidor, na segurança alimentar e energética, e na melhoria dos meios de subsistência.
Um total de 11,86 milhões, 12,69 milhões e 12,06 milhões de novos empregos urbanos foram criados em 2020, 2021 e 2022, respectivamente, todos superando as metas estabelecidas para cada ano.
Em 2022, o IPC da China aumentou 2% ao ano, uma fração dos aumentos relatados nos Estados Unidos, na zona do euro e no Reino Unido, e também menor que o de outras economias emergentes.
O povo chinês tornou-se mais próspero em 2022, com a renda disponível per capita atingindo 36.883 yuans, um aumento anual de 5% em termos nominais.
Em sua dura batalha contra o coronavírus, a China nunca desacelerou seu ritmo de desenvolvimento. Cumpriu o feito histórico de eliminar a pobreza absoluta, alcançou 10 anos antes do previsto o objetivo de redução da pobreza da Agenda para o Desenvolvimento Sustentável da ONU 2030, e terminou de construir uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos.
"Ao visar áreas-chave e elos fracos, a China garantiu a subsistência de mais de 1,4 bilhão de pessoas, salvaguardou a estabilidade social e promoveu o desenvolvimento econômico", disse Wang Jun, membro do conselho do Fórum de Economistas-Chefe da China.