Um estudo da publicação Nature Geoscience, divulgado na segunda-feira, conclui que a Península Ibérica enfrenta a maior seca em 1200 anos.
A ocorrência de incêndios florestais e de temperaturas recorde registradas recentemente, juntando ao fato de que o inverno, período tradicionalmente associado à pluviosidade, tem sido pautado pela fraca queda de aguaceiros, veio agudizar a crise.
As estimativas mais radicais assumem, inclusive, a seca do Tejo, o maior rio da península, e da impossibilidade de manter a produção vinícola na região durante os próximos 50 anos.
A razão apontada para a fraca queda de chuva tem que ver com a frequência do anticiclone dos Açores, o qual bloqueia as frentes chuvosas tanto em Portugal como em Espanha, reconduzindo-as para o norte da Europa.
Segundo um relatório da mesma publicação, antes de 1850, este fenômeno acontecia apenas 1 vez a cada 10 invernos, passando a ocorrer 1 vez a cada 7 invernos na década de 80 do século passado, estando atualmente a uma média de 1 vez por cada 4 invernos.
A região transmontana, segundo a RTP, pondera já a imposição do corte no abastecimento de água durante a noite para evitar desperdícios.
A escassez de água motivou o governo espanhol a diminuir os caudais dos principais rios transfronteiriços, no que consiste numa "má notícia" para Portugal, segundo Pimenta Machado, vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, em declarações ao jornal Público.
Pimenta Machado enfatizou o fato de que 70% do consumo de água em Portugal provém de Espanha, através dos rios internacionais.