O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Boris Johnson, faz uma declaração em frente à Downing Street, no centro de Londres, na quinta-feira. Johnson deixou o cargo de líder do Partido Conservador, após três anos tumultuados no cargo marcados pelo Brexit, Covid-19 e escândalos crescentes. [Foto: JUSTIN TALLIS/AFP]
Boris Johnson renunciou ao cargo de líder do Partido Conservador do Reino Unido na quinta-feira (7), mas pretende continuar como primeiro-ministro até o outono, quando um novo líder do partido será escolhido.
A medida controversa ocorreu após 36 horas dramáticas sem precedentes de política doméstica, que começaram com o anúncio de terça-feira (5) de que o secretário de Saúde Sajid Javid e o chanceler do Tesouro Rishi Sunak deixariam o cargo, provocando uma avalanche de novas demissões e declarações de desconfiança em Johnson como líder.
O ponto culminante do surto em massa de dissidência interna veio quando Nadhim Zahawi, que foi nomeado chanceler na noite de terça-feira, e que na manhã de quarta-feira disse à Sky News que apoiava Johnson e era "fácil se afastar do governo...mas muito mais difícil se entregar", convidando Johnson a se retirar.
Além disso, a secretária de Educação, Michelle Donelan, que também foi nomeada na noite de terça-feira, renunciou na manhã de quinta-feira.
Pouco depois das 9h, com a renúncia de mais de 50 membros do governo, foi divulgada a notícia de que Johnson, que se tornou primeiro-ministro em julho de 2019, deixaria o cargo – mas apenas como líder do partido.
"É claramente agora a vontade do Partido Conservador parlamentar que deve haver um novo líder desse partido e, portanto, um novo primeiro-ministro", disse Johnson em um discurso proferido do lado de fora da Downing Street. "Eu concordei...que o processo de escolha desse novo líder deve ser iniciado agora".
Ele acrescentou que servirá "até que um novo líder o substitua".
A infelicidade com a liderança e a conduta pessoal de Johnson vinha crescendo no Partido Conservador há meses, culminando em sua multa pela polícia por quebrar as regras em reuniões sociais durante o bloqueio da pandemia.