A 14ª cúpula do BRICS, um grupo de mercados emergentes que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, será realizada esta semana por videoconferência com o tema "Promover Parceria do BRICS de Alta Qualidade, Inaugurar Uma Nova Era para o Desenvolvimento Global" sob a presidência da China.
Nos últimos 16 anos desde sua criação, o BRICS tornou-se uma estrutura abrangente e multinível, com cooperação prática realizada em dezenas de áreas, mantendo o espírito de abertura, inclusão e cooperação de benefício mútuo.
À medida que o mundo enfrenta inúmeras incertezas, incluindo uma pandemia inédita em um século, espera-se que os cinco principais países em desenvolvimento contribuam com sua sabedoria e esforços para promover o desenvolvimento global.
PROMOVER O DESENVOLVIMENTO COMUM
Os países do BRICS são uma importante força motriz para o crescimento econômico e comercial regional e global. Apesar do impacto prolongado da COVID-19, o volume total do comércio de bens deles atingiu quase US$ 8,55 trilhões em 2021, um aumento anual de 33,4%, mostram dados oficiais.
Além disso, o comércio bilateral da China com outros países do BRICS totalizou US$ 490,42 bilhões, uma alta anual de 39,2% e mais rápido que o crescimento geral do comércio exterior do país no mesmo período.
Em todo o mundo, os países do BRICS respondem por 18% do comércio de bens e 25% do investimento estrangeiro, mostram as estatísticas.
A Prinx Chengshan (Shandong) Tire Co., Ltd, um produtor de pneus com sede na Província de Shandong, no leste da China, opera no mercado brasileiro há mais de uma década e se tornou popular entre distribuidores e clientes locais.
Segundo a empresa, o acordo de reconhecimento mútuo do status de operador econômico autorizado entre a China e o Brasil, que entrou oficialmente em vigor em 1º de janeiro de 2022, impulsionou as exportações de produtos da empresa.
Essas histórias se tornaram bastante comuns nos países do BRICS, e a cobertura de sua cooperação econômica e comercial só vai se expandir. Durante a 12ª reunião de ministros da economia e do comércio do BRICS, realizada no início deste mês, os participantes se comprometeram a aprofundar a cooperação em áreas como economia digital, investimento comercial e desenvolvimento sustentável, cadeia de suprimentos e mecanismos multilaterais de comércio.
Para abordar os desafios de infraestrutura e desenvolvimento enfrentados pelas economias emergentes, o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), com sede em Shanghai, foi criado pelos países do BRICS e inaugurado formalmente em julho de 2015.
De projetos de energia renovável no Brasil a programas de modernização da rede ferroviária na Índia e novas rodovias com pedágio na Rússia, o NBD aprovou mais de 80 projetos nos países-membros até maio de 2021, com um portfólio total de cerca de US$ 30 bilhões.
De acordo com o banco, de 2022 a 2026, ele fornecerá US$ 30 bilhões em apoio financeiro aos países-membros, com 40% dos fundos a serem usados para mitigar o aquecimento global.
Funcionando como um novo e forte impulso para o desenvolvimento, o Centro de Inovação da Parceria do BRICS sobre Nova Revolução Industrial (PartNIR, em inglês) foi lançado em Xiamen na Província de Fujian, no leste da China, em dezembro de 2020, com o objetivo de fornecer uma base para os países do BRICS fazerem uso da inovação tecnológica e da transformação digital.
No início de junho, o centro assinou um memorando de entendimento com o NBD para facilitar a cooperação bilateral e promover o desenvolvimento comum dos países do BRICS, afirmando que os dois lados darão prioridade à cooperação em áreas como inteligência artificial, internet industrial , conservação de energia e proteção ambiental por meio de pesquisa conjunta, treinamento de pessoal e compartilhamento de informações sobre infraestrutura e programas sustentáveis.
Marcos Troyjo, presidente do NBD, disse que além do NBD, o Centro de Inovação da PartNIR é outro mecanismo concreto para fomentar a cooperação entre os países do BRICS. Ambos visam promover a agenda de desenvolvimento sustentável, incluindo a entrega dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, nos países do BRICS bem como em outros mercados emergentes e países em desenvolvimento.
ENFRENTAR OS DESAFIOS DA SAÚDE
Desde o início da pandemia da COVID-19, os países do BRICS se apoiaram com suprimentos médicos e realizaram ampla cooperação na prevenção e controle de infecções, protocolos de diagnóstico e tratamento e pesquisa, além do desenvolvimento de vacinas e medicamentos.
Em março, o Instituto Butantan do Brasil inaugurou uma fábrica em São Paulo para a produção, a partir de 2023, da vacina CoronaVac desenvolvida pela China.
No mesmo mês, foi realizada online a cerimônia de lançamento do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Vacinas do BRICS. Os cinco países do BRICS propuseram conjuntamente uma iniciativa para fortalecer a cooperação em vacinas para garantir a acessibilidade vacinal nos países em desenvolvimento por meio da distribuição equitativa como bens públicos globais.
A iniciativa também visa aumentar a capacidade dos países do BRICS de controlar doenças infecciosas e responder a eventos de saúde pública. Foi destacada especialmente a abertura e convites a mais parceiros.
Na 12ª reunião dos ministros da saúde do BRICS, realizada por videoconferência em maio, concordou-se que os países do BRICS lançarão um sistema de alerta precoce para surtos pandêmicos em grande escala. Os participantes tiveram discussões aprofundadas sobre diversos tópicos, como prevenção e controle da pandemia da COVID-19, desenvolvimento de novos sistemas de saúde e saúde digital.
PERSPECTIVAS BRILHANTES
A conquista da cooperação do BRICS não apenas melhorou o poder de decisão dos mercados emergentes e países em desenvolvimento no mundo, mas também tornou o BRICS uma importante plataforma para promover a cooperação Sul-Sul.
Em 2017, a China propôs o modelo de cooperação "BRICS Plus", que visa fortalecer a unidade e coordenação entre os membros do BRICS para maior coesão e, ao mesmo tempo, continuar ampliando o "círculo de amigos" do BRICS em uma busca conjunta por desenvolvimento e prosperidade para todos os mercados emergentes e países em desenvolvimento.
Depois de presidir um diálogo por videoconferência de ministros das Relações Exteriores entre o BRICS, mercados emergentes e países em desenvolvimento, no mês de maio, o conselheiro de Estado e ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, observou que todos os chanceleres que participaram do diálogo apoiaram e concordaram com o modelo de cooperação "BRICS Plus".
Elogiando a cooperação "BRICS Plus", os participantes estrangeiros do diálogo expressaram a vontade de melhorar a comunicação e coordenação estratégicas entre os países do BRICS e os mercados emergentes e promover o desenvolvimento de um sistema de governança global mais justo e igualitário, mais inclusivo e democrático .
Wang Youming, diretor do Departamento de Pesquisas de Países em Desenvolvimento do Instituto de Estudos Internacionais da China, destacou que a cooperação do BRICS em redução da pobreza, segurança alimentar, desenvolvimento verde, industrialização, economia digital e conectividade, entre outros, atendeu às necessidades e aspirações de muitos países em desenvolvimento e, portanto, o mecanismo de cooperação do BRICS desempenhará um papel importante em ajudar os países em desenvolvimento a lidar com o impacto da COVID-19 e outros desafios relacionados.
Gu Qingyang, professor associado da Escola Lee Kuan Yew de Políticas Públicas da Universidade Nacional de Cingapura, disse à Xinhua que, no futuro, os países do BRICS podem fortalecer ainda mais seu atual mecanismo de cooperação e expandi-lo gradualmente e integrá-lo profundamente aos programas sob os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e a Iniciativa do Cinturão e Rota para ganhar mais espaço para cooperação e desenvolvimento.
Durante uma recente coletiva de imprensa na Cidade do Cabo, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, declarou que seu país quer ver uma "parceria maior e mais profunda" com outros membros do BRICS, um grupo "atrativo" no qual muitos outros países confiam.