Desmatamento da Amazônia e transformação em savana põem em sério risco 12 milhões de pessoas, alerta estudo

Fonte: Xinhua    03.10.2021 09h25

O desmatamento da floresta amazônica e sua transformação em uma vegetação típica de savana, junto com as mudanças climáticas, podem por em risco cerca de 12 milhões de pessoas devido ao calor extremo, segundo o primeiro estudo dos impactos combinados de desmatamento e mudanças no clima na saúde humana divulgado nesta sexta-feira.

Realizado por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP), o estudo alertou sobre as consequências fatais do desmatamento e das mudanças climáticas para os humanos, principalmente em regiões onde existem populações vulneráveis.

O principal risco é de uma exposição e estresse por calor, situação na qual as condições ambientais não são favoráveis para que o homem possa manter sua temperatura corporal.

"Quando temos um ambiente com alta temperatura e também com alta umidade do ar, nosso corpo tem mais dificuldade de troca de calor com o meio externo e isso, em algumas situações, pode ser fatal. No nosso estudo, mostramos que, com a savanização da floresta amazônica, que é traduzida aqui pela substituição da floresta por uma vegetação do tipo savana, potencializa esse risco de exposição a estresse por calor", explicou Beatriz Alves, uma das autoras do estudo.

Segundo a pesquisadora, tais efeitos serão sentidos na região amazônica e a região norte do Brasil, que têm baixa capacidade de resiliência e alta vulnerabilidade social. Dos 5.565 municípios brasileiros, 16% deles com uma população total de 30 milhões de pessoas, sofrerão impactos por estresse térmico com a savanização da Amazônia.

O estudo apontou que existe um limite de desmatamento na Amazônia que impactará na sobrevivência da espécie humana. Esse limite é acompanhado por um "efeito extremo na saúde" que deixará cerca de 12 milhões de pessoas da região norte do Brasil expostas ao risco de estresse térmico, até 2100, quando serão atingidos os limites de adaptação fisiológica do corpo humano devido ao desmatamento.

Para os pesquisadores, quando há uma alta exposição à temperatura e humidade, as capacidades de resfriamento do corpo humano baixam, provocando um aumento da temperatura corporal que pode causar desidratação e exaustão e, em casos mais graves, o colapso das funções vitais, causando a morte.

Para reverter a situação, os autores pediram um entendimento global para frear a mudança climática e mais políticas públicas no Brasil para frear o desmatamento da floresta amazônica.

(Web editor: Beatriz Zhang, editor)

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