As respostas à variante Delta de Covid-19 variaram de país para país na União Europeia (UE) em termos de rigidez, desencadeando um boom econômico em cidades fronteiriças com políticas mais flexibilizadas, embora provavelmente acelerem a propagação do vírus.
As restrições de saúde são fortes e rigorosamente aplicadas na França e na Alemanha, mas são relativamente limitadas em países como Espanha, Bélgica e Itália, o que pode atrair clientes.
Em Saint-Jans-Cappel, França, onde comprovante de vacinação é exigido em restaurantes e bares, em trens e voos de longa distância, os restaurantes estão quase vazios, enquanto na fronteira em Heuvelland, Bélgica, onde as regras de saúde permanecem relativamente flexibilizadas, os restaurantes estão agitados, com muitos clientes da França.
"Desde que as regras de saúde entraram em vigor no dia 9 de agosto, temos muito poucos clientes", disse Duyck Benedicte, dono de restaurante em Saint-Jans-Cappel. "Eles preferem comer na Bélgica e ficar tranquilos, sem apresentar comprovante de saúde".
"Vimos o fluxo de clientes em nossos restaurantes aumentar em cerca de um terço" desde o início das restrições de saúde, disse Zheng Guodong, dono de um restaurante chinês em Mouscron, uma cidade belga adjacente à fronteira do país com a França.
"As coisas melhoraram", disse Antonio Ricci, gerente de um restaurante fora de San Remo, uma cidade italiana na costa mediterrânea que a França e a Itália compartilham. "Digamos que comecei a imprimir muito mais menus em francês do que antes".
As restrições na França geraram uma série de protestos envolvendo mais de 200.000 pessoas.
A Alemanha, que viu as taxas de infecção subirem desde meados de julho, foi solicitada a exigir que qualquer pessoa, exceto crianças com menos de 12 anos que entrasse no país sem prova de vacinação contra Covid-19, fornecesse um resultado de teste negativo no dia 1 de agosto.
O desequilíbrio levantou preocupações de que os termos de 26 anos do Acordo de Schengen que aboliu a maioria dos controles nas fronteiras internas da UE como forma de encorajar a livre circulação de mão-de-obra e capital, um dos princípios centrais da UE, possam ser contraproducentes em conter o vírus.
O movimento transfronteiriço na UE é "menos do que ideal" considerando os esforços do bloco de 27 nações para conter a propagação do vírus, disse Fabrizio Pregliasco, diretor do Instituto Galeazzi de Hospitalização e Assistência Científica de Milão, chamando-o de uma "questão inevitável de praticidade" com que as autoridades de saúde precisam lidar.
"Até que haja uma política de saúde uniforme em toda a UE, veremos esse tipo de discrepância, e as fronteiras abertas significam que as pessoas vão tirar vantagem delas", disse Pregliasco à Xinhua.
"Esse tipo de situação pode ser um fator na disseminação do vírus, e as autoridades de saúde locais nas áreas de fronteira terão que tomar as medidas necessárias para resolver os problemas que surgirem", disse ele.