Mais de 20 grupos asiático-americanos de defesa enviaram uma carta aberta ao presidente dos EUA, Joe Biden, instando que ele cancele uma iniciativa em andamento do Departamento de Justiça que tem como alvo a China.
A carta, divulgada na quinta-feira, também pediu uma revisão independente sobre se o programa visa injustamente indivíduos com base em sua raça e etnia, exortando Biden a "redobrar" os esforços para combater o ódio e a violência contra os asiáticos-americanos.
"A Iniciativa visa ostensivamente investigar e processar a espionagem econômica e o roubo de segredos comerciais", disseram as organizações, acrescentando que "no entanto, na prática, a Iniciativa, que começou formalmente sob a administração anterior, sujeita os cientistas asiáticos-americanos e imigrantes asiáticos e outros -- particularmente os de ascendência chinesa -- à caracterização racial, vigilância e processos errados, onde não existem provas de espionagem econômica ou roubo de segredos comerciais."
Na carta, as organizações disseram que a administração de Biden deveria "parar o trabalho da iniciativa, aguardando os resultados de uma revisão independente para determinar se ela visa injustamente indivíduos com base em sua raça, etnia ou ancestralidade."
No final de julho, quase 100 membros do Congresso instaram que o Procurador-Geral dos EUA, Merrick Brian Garland investigue o suposto perfil racial dos asiáticos do Departamento de Justiça.
A chamada "Iniciativa China" foi lançada pelo Departamento de Justiça dos EUA em 2018 para investigar o roubo de segredos comerciais e atividades de espionagem econômica consideradas como ameaças à segurança nacional dos EUA.
Entretanto, a iniciativa foi amplamente criticada, de acordo com as reportagens da mídia norte-americana, pois muitos acadêmicos e cientistas de ascendência asiática, incluindo asiáticos-americanos envolvidos na maioria dos casos, foram processados injustamente ou com falta de provas.
Um estudo divulgado pela Universidade Johns Hopkins mostrou que a iniciativa também exige que 94 distritos judiciais federais apresentem pelo menos uma acusação referente à China anualmente.
Enquanto isso, a carta também expressou fortes preocupações com a ordem da administração de Biden em uma investigação de 90 dias sobre as origens da COVID-19 pela comunidade de inteligência, dizendo que "a verdade triste mas inegável é que a simples existência desse relatório colocará nossas comunidades em risco."
"Como você bem sabe, enquanto a maioria dos cientistas concorda que a transmissão via as origens naturais é uma explicação mais provável, a hipótese de que a COVID se originou de experimentos laboratoriais chineses desencadeou uma enxurrada de teorias conspiratórias que foram armadas por políticos e especialistas, resultando em uma falsa culpabilização de asiáticos-americanos como de alguma forma culpados pela pandemia", acrescentou a carta.
A Casa Branca disse em uma declaração em 26 de maio que Biden pediu à comunidade de inteligência que redobrasse seus esforços na análise das origens da COVID-19 e informasse ao presidente em 90 dias.