Os sistemas de saúde dos Estados Unidos, especialmente aqueles do Sul, onde as taxas de vacinação permanecem relativamente baixas, estão tentando lidar com o aumento das hospitalizações, já que os casos diários de COVID-19 ultrapassaram 100.000 na sexta-feira, atingindo o máximo de seis meses desde fevereiro.
Estados do sul como Flórida, Geórgia e Louisiana são responsáveis por quase 40 por cento de todas as hospitalizações no país, sobrecarregando seus sistemas de saúde enquanto a variante Delta é disseminada entre os não vacinados, informou o USA Today no início desta semana.
Na Flórida, onde cerca de 2.500 dos mais de 12.000 pacientes hospitalizados com COVID-19 estão em unidades de terapia intensiva, as cirurgias eletivas estão sendo suspensas e os leitos estão sendo colocados em salas de conferência, auditórios e refeitórios, disse ele.
Na Geórgia, pelo menos 25 centros médicos tiveram que recusar pessoas por falta de espaço, visto que o número de hospitalizações por COVID-19 aumentou para 2.600 em todo o estado. Havia cerca de 2.350 pacientes com COVID-19 em hospitais da Louisiana na quinta-feira, e um deles teve que adiar um transplante de órgão, acrescentou.
De acordo com os números atualizados no site do The New York Times, os novos casos diários de COVID-19 do país aumentaram para 108.513 no sábado, enquanto a mudança de 14 dias teve um aumento de 111 por cento. As mortes por coronavírus foram 506 no sábado, enquanto a mudança de 14 dias foi um aumento de 89 por cento.
ESTADOS DO SUL
A Flórida, o estado mais ao sudeste dos EUA, está vivenciando seu aumento mais devastador de COVID-19, alimentado pela variante Delta. Seus hospitais estão chegando ao limite mais uma vez, com tempos de espera cada vez maiores e oxigênio limitado.
"As unidades de terapia intensiva na Flórida estão se enchendo e os momentos finais com seus entes queridos, separados por protetores faciais e barreiras de vidro, tornaram-se uma realidade ressurgente", relatou no domingo o site de notícias financeiras Business Insider.
Uma explosão na variante Delta altamente transmissível do vírus colocou o estado em sua luta mais violenta contra a doença nas últimas semanas, no sábado, quase 24.000 novos casos de COVID-19 foram relatados no Estado do Sol, em comparação com apenas 1.250 novas infecções no dia 1 de junho.
"A Flórida se tornou o epicentro de uma nova onda de infecções nos Estados Unidos e sua taxa de vacinação está muito aquém de estados como Connecticut e Nova York", afirmou o relatório.
As hospitalizações por COVID-19 na Flórida recentemente aumentaram 13 por cento acima do pico anterior do estado no dia 23 de julho de 2020, de acordo com uma pesquisa da Associação de Hospitais da Flórida.
Cerca de metade dos adultos na Flórida, ou 50,8 por cento, estão totalmente vacinados, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins (JHU). A variante Delta está atacando aproximadamente a outra metade dos adultos que não foram vacinados no estado.
Enquanto o país luta para se defender da variante Delta, a cepa mais contagiosa de coronavírus até agora, as hospitalizações por COVID-19 estão atingindo o maior número de todos os tempos em partes do Sul dos Estados Unidos, com alguns pacientes incapazes de receber os cuidados que normalmente receberiam, noticiou a CNN no domingo.
No Centro Médico Memorial United, em Houston, Texas "não temos leitos e o departamento de emergência está cheio de pacientes apenas esperando para poder entrarem no hospital", disse o chefe da equipe, Joseph Varon, citado na manhã de domingo. "Nas últimas 12 horas, perdemos mais pacientes que nas últimas cinco a seis semanas".
"Algo muito assustador está acontecendo agora no sul dos Estados Unidos. Estamos vendo esse aumento maciço de hospitalizações de jovens que nunca vimos antes em hospitais do sul", disse Peter Hotez, reitor da Escola Nacional de Medicina Tropical na Faculdade de Medicina Baylor, foi citado.
"São muitos jovens, incluindo, lamento dizer, muitas internações infantis em hospitais. E que eu me lembre, pela primeira vez estamos começando a ver unidades de terapia intensiva pediátrica ficarem sobrecarregadas, o que nunca vimos realmente antes", acrescentou ele.
PRESSÃO NOS HOSPITAIS
A falta de equipe em todo o país, exacerbada pela pandemia de coronavírus, causou um esgotamento generalizado entre os trabalhadores de saúde, até forçando alguns a abandonarem o trabalho, o The Washington Post citou especialistas em saúde e funcionários de hospitais no início desta semana.
O coronavírus que já dura mais de 18 meses, com o ressurgimento de mutações piores, resultou em uma "força de trabalho totalmente exausta" e "o tributo mental da pandemia e do esgotamento é real e está disseminado por todo o país", disse ao jornal, Purvi Parikh, imunologista do grupo de defesa nacional Médicos para Proteção de Pacientes.
Por exemplo, o pessoal médico literalmente abandonou o trabalho em Arkansas, enquanto as autoridades locais soaram o alarme de uma crise de hospitalização no estado do sul conforme o número de pacientes com COVID-19 aumenta, alimentado pela variante Delta altamente contagiosa que está devastando o estado.
"O hospital está cheio. Os números de COVID-19 aumentam diariamente. Estamos atendendo pacientes internados no pronto-socorro e na sala de recuperação. Não há espaço para transferências. Estamos ficando sem enfermeiros. Apoie os profissionais de saúde. Usem máscaras e sejam vacinados", disse Cam Patterson no Twitter semana passada, chanceler da Universidade de Arkansas para Ciências Médicas (UAMS) em Little Rock.
PREPAREM-SE PARA MAIS
Os Estados Unidos atualmente estão com uma média de mais de 100.000 novos casos de COVID-19 diariamente, o maior em quase seis meses, de acordo com os dados do JHU. Como pode levar dias ou semanas para alguns casos de COVID-19 levarem a hospitalizações ou mortes, os médicos estão se preparando para cenários mais graves, de acordo com relatos da mídia local.
O presidente dos EUA, Joe Biden, está pressionando mais rigidamente as vacinas e máscaras, pois os casos de COVID-19 estão surgindo em todo o país devido à disseminação da variante Delta, altamente contagiosa. Os cientistas dizem que a variante Delta é tão contagiosa quanto a catapora, com cada pessoa infectada infectando oito ou nove outras pessoas.
A variante Delta é responsável por cerca de 93,4 por cento de todos os novos casos de pandemia nos Estados Unidos durante as últimas duas semanas de julho, de acordo com números publicados pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) na quarta-feira.
De acordo com os dados do JHU, a América continuou batendo todos os outros países com mais de 616.000 mortes por coronavírus e mais de 35 milhões de infecções até a tarde de domingo.
