Muitas restrições da Covid-19 na Inglaterra foram suspensas, apesar do governo admitir que o número de casos aumentará como resultado. Três membros proeminentes do parlamento foram forçados a passar o “dia da liberdade” em isolamento.

As regras de distanciamento social não se aplicam mais e as máscaras deixaram de ser obrigatórias, embora a Transport for London, órgão responsável do governo local para a maioria dos aspectos do sistema de transporte em Londres, diga que elas continuam sendo obrigatórias para passageiros e muitas lojas exijam que sejam usadas máscaras.

No sábado, o secretário de Saúde, Sajid Javid, relatou que seu teste deu positivo e estaria se isolando. No dia seguinte, soube-se que o primeiro-ministro, Boris Johnson, e o chanceler do Tesouro, Rishi Sunak, entraram em contato com ele, mas não se isolaram porque estavam participando de um programa piloto de testes diários, ainda não disponível para o público em geral.

O secretário de habitação, Robert Jenrick, apareceu na Sky News para justificar a situação, dizendo que "este é um teste piloto sendo usado por cerca de 20 organizações ... estaremos aprendendo com ele", mas no espaço de horas, após uma resposta furiosa do público e de adversários políticos, foi anunciado que a dupla se iria isolar, com Johnson dizendo que "pensou brevemente na ideia" de tomar a rota alternativa, antes de decidir que era "muito mais importante que todos seguissem as mesmas regras".

Falando no programa BBC Radio 4 Today, o ministro das Vacinas, Nadhim Zahawi, apoiou esta linha, dizendo que Johnson apenas "considerou" juntar-se à iniciativa piloto.

O secretário de saúde da oposição do Partido Trabalhista, Jonathan Ashworth, afirmou que deveria haver mais clareza, dizendo à Sky News que era "o caos absoluto. Era realmente uma regra para eles e outra para o resto de nós".

"Eles apenas deram meia-volta porque foram apanhados", disse, acrescentando que havia "muitas perguntas sobre o que é este ensaio (e) quem pode aceder a ele".

O líder trabalhista Keir Starmer considerou imprudente a decisão de se livrar de todas as regras restantes de uma vez.

"Já podemos ver que as taxas de infecção estão disparando, sabemos o que vai acontecer com centenas de milhares de pessoas sendo solicitadas a se auto-isolar", disse ele ao ITV News.

"O primeiro-ministro está essencialmente colocando toda a nação dentro de um carro, pressionando o acelerador e tirando o cinto de segurança."

Atualmente, em todo o Reino Unido, ocorrem cerca de 50.000 infeções por dia, um número que os cientistas alertaram que pode aumentar para 200.000 no final do verão.

Em uma mensagem de vídeo no Twitter, Johnson insistiu que agora era o momento certo para sair do bloqueio, mas pediu às pessoas que tomem cuidado.

"Se não fizermos isso agora, temos que nos perguntar: quando faremos isso?", disse.

"Mas temos de o fazer com cautela. Temos que lembrar que este vírus, infelizmente, ainda está lá fora. Os casos estão aumentando, podemos ver o contágio extremo da variante Delta".

Em declarações ao programa Café da Manhã da BBC One, Zahawi disse que é importante encontrar um equilíbrio entre cautela e progresso, e acrescentou que uma das próximas questões a serem analisadas seria a vacinação para crianças a partir dos 12 anos.

Seguindo o conselho do Comitê Conjunto de Vacinação e Imunização do governo, ou JCVI, ele disse que faria uma declaração no Parlamento sobre a vacinação de crianças.

"O JCVI olhou para as crianças vulneráveis, eles recomendarão que as crianças vulneráveis sejam protegidas", disse Zahawi. “As crianças que vivem com adultos vulneráveis devem ser protegidas e, claro, os jovens de 17 anos que estão perto dos 18 anos também”.

Ele não indicou, no entanto, que o governo pretende mudar as regras sobre o auto-isolamento para pessoas que receberam as duas doses da vacina.

A partir de 16 de agosto, as pessoas duplamente vacinadas não precisarão mais se isolar e, apesar dos apelos das empresas, é improvável que essa data seja antecipada, a fim de permitir que mais pessoas sejam vacinadas.

O diretor-gerente da cadeia de comida de rua “Islândia” disse à BBC que sua empresa tinha cerca de 4% da sua força de trabalho isolada.

"Acabamos de anunciar o recrutamento de mais 2.000 pessoas para nos dar uma maior capacidade de trabalho", disse Richard Walker.

"Várias lojas tiveram que fechar e a preocupação é que, à medida que os casos aumentam exponencialmente, como acabamos de ouvir, a situação pode piorar muito, muito mais rápido. Temos um aumento de 50 por cento semana a semana em termos de pessoas desligadas e um aumento de 400 por cento em relação a meados de junho".