Um cientista chinês apelou à cooperação internacional para fazer frente às tempestades de areia que frequentemente afetam grande parte do norte da China.
O norte da China foi atingido por 21 tempestades de areia, sendo que uma, em meados de março, foi a mais intensa em uma década, segundo Li Jianjun, cientista-chefe do Centro Nacional de Monitoramento Ambiental da China.
"Tempestades de areia tão frequentes, severas e extensas raramente foram vistas na China nos últimos anos", disse Li em uma entrevista coletiva na quarta-feira.
Ele explicou que a areia proveniente da Mongólia foi a principal causa das tempestades de areia, que aumentaram os níveis de poluição do ar em muitas cidades chinesas.
Dados do Centro Meteorológico Nacional da China indicam que temperaturas mais altas do que o normal na Mongólia e na parte ocidental da Região Autônoma da Mongólia Interior os tornam os principais contribuintes para as tempestades de areia.
Temperaturas entre 2°C e 6°C acima do normal desde fevereiro fizeram a neve derreter mais cedo que o normal, expondo áreas arenosas, disse Li.
Segundo ele, as tempestades de areia resultaram em níveis excessivos de poluentes atmosféricos em mais de 240 grandes cidades chinesas. Ao todo, sofreram mais de 3.000 dias com níveis excessivos de poluição do ar, o que resultará em uma queda de 2,4 pontos percentuais este ano na proporção de dias com boa qualidade atmosférica nas principais cidades chinesas.
"As tempestades de areia da Mongólia contribuirão com 1,5 ponto percentual da queda", disse Li.
Ele disse que os ciclones e os fluxos de ar frio da Mongólia também foram mais fortes do que em anos normais, tornando as condições meteorológicas ainda mais favoráveis à formação de tempestades de areia e fazendo-as avançar ainda mais para o sul.
Dados de monitoramento comprovam uma diminuição acentuada no número de tempestades de areia formadas na China, disse Li, atribuindo a melhoria aos esforços sustentados de florestamento do país.
“As frequentes tempestades de areia este ano mostram que ainda há muito potencial para se aproveitar ao nível da cooperação internacional em governança ambiental”, disse.
"Gostaríamos de unir esforços com os nossos vizinhos e a comunidade internacional para aprimorar a governança ambiental na região e também em todo o mundo".
A qualidade do ar na China melhorou significativamente no ano passado, de acordo com um boletim ambiental divulgado pelo ministério na quarta-feira.
Em média, as 337 principais cidades chinesas tiveram 87% dos dias com qualidade do ar razoavelmente boa em 2020, um aumento de 5 pontos percentuais em termos anuais.
A densidade média de partículas de PM 2,5 nas cidades foi de 33 microgramas por metro cúbico, abaixo dos 36 mcg/m³ em 2019.
O período do 13º Plano Quinquenal (2016-20) testemunhou a maior melhoria ambiental de todos os tempos na China no espaço de cinco anos, disse Bai Qiuyong, diretor de monitoramento ambiental do ministério.
Durante este período, a densidade média de PM 2,5 nas principais cidades chinesas caiu 28,3%, disse.