Os líderes do Grupo dos Vinte (G20) emitiram na sexta-feira uma declaração conjunta no encerramento da Cúpula Global de Saúde com o objetivo de coordenar os esforços mundiais contra a pandemia de COVID-19.
A Declaração de Roma é composta de 16 "princípios que se reforçam mutuamente" que "reconfirmam nosso compromisso com a solidariedade global, equidade e cooperação multilateral" e com a promoção de "financiamento sustentado para a saúde global", escreveram os líderes do G20.
"Afirmamos nosso apoio aos esforços para fortalecer as cadeias de abastecimento e impulsionar e diversificar a capacidade global de fabricação de vacinas, incluindo os materiais necessários para produzir vacinas, inclusive compartilhando riscos, e saudamos o centro de transferência de tecnologia de vacinas lançado pela OMS", afirmou a declaração.
Durante uma conferência de imprensa conjunta no encerramento da cúpula, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, manifestaram a sua satisfação com o resultado do evento, que foi organizado pela presidência italiana do G20 em parceria com a Comissão Europeia.
"Estou muito satisfeito com esta cúpula por causa da força dos compromissos que foram assumidos e da absoluta convicção e sinceridade com os quais foram feitos", disse Draghi aos repórteres.
A Declaração de Roma é "inovadora e histórica porque, pela primeira vez, vocês têm o G20 (membros) comprometidos com os princípios básicos", disse von der Leyen.
O mais importante desses princípios, disse ela, é o multilateralismo, que funciona como um alinhamento em toda a Declaração.
"Este é um 'não' muito claro ao nacionalismo da saúde, às proibições de exportação, aos gargalos", explicou von der Leyen. "As cadeias de abastecimento têm que ser abertas. Todos os membros do G20 concordaram com isso".
Draghi continuou dizendo que "o envolvimento de organizações multilaterais como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) serão os fóruns onde os países chegarão a um acordo sobre a remoção das proibições de exportação, a remoção dos direitos de propriedade e garantindo o fluxo contínuo das cadeias de abastecimento".
"Descobrimos que uma completa abertura de limites é essencial para produzir vacinas em grandes quantidades e garantir que sejam distribuídas a todos", destacou o primeiro-ministro italiano.
Von der Leyen enfatizou que os três principais fabricantes ocidentais de vacinas de COVID-19 farão grandes promessas daqui para frente.
"A Pfizer/BioNTech se comprometeu a entregar um bilhão de doses de sua vacina este ano para países de baixa renda, com lucro zero", disse ela, acrescentando que a Johnson & Johnson se comprometeu a entregar 200 milhões de doses e a Moderna afirmou que entregará 100 milhões doses, nos mesmos termos, este ano.
Von der Leyen acrescentou que a Equipe Europa, que consiste na UE, seus estados-membros, o Banco Europeu de Investimento (BEI) e o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), doará 100 milhões de doses para países de baixa renda este ano.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, também participou da cúpula em uma sessão sobre a parceria do Acelerador de Ferramentas de Acesso ao COVID-19 (ACT). Também conhecida como ACT-A, a parceria foi lançada pela OMS em abril de 2020 para apoiar um esforço global coordenado para desenvolver testes, tratamentos e vacinas para combater o COVID-19.
Em suas observações finais na sexta-feira, Tedros citou que: "Só ontem, mais de 13.000 pessoas em todo o mundo perderam suas vidas devido ao COVID-19, sendo nove a cada minuto. Hoje o número será semelhante... e as pessoas continuarão morrendo enquanto a disparidade global em vacinas persistir".
O chefe da OMS continuou dizendo que embora "o rápido desenvolvimento das vacinas de COVID-19 seja um triunfo da ciência... sua distribuição desigual é um fracasso para a humanidade".
Ele apelou aos membros do G20 para financiar totalmente o Acelerador ACT... para compartilhar mais doses mais rápido... e para aumentar a produção como uma questão de urgência, por meio do compartilhamento de tecnologia e conhecimento, e dispensando disposições de propriedade intelectual, com um foco na África".
Também participaram da conferência virtual de um dia representantes de organizações internacionais como a Organização das Nações Unidas, a União Africana, a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Além dos membros do G20, Cingapura, Espanha e Holanda participaram da cúpula como países convidados.
A cúpula de sexta-feira foi construída sobre a Resposta Global ao Coronavírus, que é a campanha da Comissão Europeia para o acesso universal à vacinação, tratamento e teste de coronavírus a preços acessíveis. A campanha lançada em maio do ano passado arrecadou 15,9 bilhões de euros (19,4 bilhões de dólares americanos) até o momento em promessas.