Honduras, um dos últimos 15 países e regiões que mantêm "laços diplomáticos" com a ilha de Taiwan, disse na segunda-feira (10) que seu país vizinho, El Salvador, o ajudará a obter as vacinas da parte continental da China já que o país da América Latina atingido pela Covid-19 está lutando contra a escassez.
O Global Times soube de uma fonte na terça-feira (11) que a embaixada chinesa em El Salvador está lidando com o caso, no entanto não obteve confirmação da embaixada de que tenha recebido qualquer pedido relacionado à vacina de El Salvador até o momento.
El Salvador cortou "laços diplomáticos" com a ilha de Taiwan em 2018. Honduras, que não tem laços diplomáticos com o continente chinês, é considerada aliada da ilha de Taiwan sob pressão dos EUA.
Alguns analistas acreditam que a balança está se inclinando a favor da China quando Honduras disse que o vizinho El Salvador ajudará a quebrar um "bloqueio geopolítico" e comprar vacinas do continente chinês através de uma publicação no Twitter de sua autoridade de saúde.
A ilha tem 15 "aliados diplomáticos" - oito da América Central e do Caribe. A ilha respondeu na terça-feira (11) que tem uma forte amizade com Honduras e se opõe ao fornecimento de vacinas por qualquer parte com condições implícitas como forma de minar seus laços.
Zhou Zhiwei, especialista em estudos latino-americanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais, afirmou ao Global Times na terça-feira que esses países estão dispostos a estabelecer relações diplomáticas com o continente chinês, já que os dividendos da cooperação com a China são óbvios. No entanto, sob pressão dos EUA, que jogam a "carta de Taiwan", eles não podem conduzir trocas normais com a China.
Os especialistas também usam El Salvador como exemplo para mostrar como os Estados Unidos colocaram obstáculos para os "aliados diplomáticos" restantes de Taiwan quando buscavam fortalecer a cooperação com o continente chinês. Além de expressar preocupação e decepção depois que El Salvador mudou para Beijing em 2018, os EUA ameaçaram cortar sua ajuda ao país, informou a mídia.
A China forneceu vacinas a pelo menos 12 países latino-americanos e doou mais de 34 milhões de suprimentos médicos e equipamentos urgentemente necessários para 30 países da região, informou a mídia. O Financial Times informou recentemente que a China despachou mais da metade dos 143,5 milhões de doses de vacinas para as 10 nações mais populosas da região.
Menos de 0,1 por cento ou 2.639 pessoas em Honduras foram totalmente vacinadas, já que o país registrou 897 novos casos de Covid-19 na segunda-feira. Alguns analistas disseram que as esperanças de Honduras estão em grande parte na vacina do continente chinês, especialmente porque os EUA acumulam sua própria vacina e a Covax distribui quantidades insuficientes.
Wang Youming, diretor do instituto de países em desenvolvimento do Instituto de Estudos Internacionais da China em Beijing, disse ao Global Times na terça-feira que a questão da vacina não é suficiente para empurrar os países latino-americanos a abandonar Taiwan, mas a tendência para o continente chinês já está clara.
A China há muito afirma que as vacinas da Covid-19 são produtos internacionais de saúde pública e deve ser dada prioridade à ajuda aos países em desenvolvimento extremamente atingidos. No entanto, Honduras não estabeleceu relações diplomáticas com a China e nenhum país dará prioridade a países que não estabeleceram relações diplomáticas, disse Wang.
A China está ansiosa para realizar a cooperação e a normalização em vários campos das relações com todos os países latino-americanos, baseada no conceito de uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade em face dos desafios globais comuns de saúde pública, informou Zhou.
Quanto à China, vacinas e cooperação médica por meio de países terceiros podem ser um novo canal para ajudar os países sem laços diplomáticos no futuro, disse Zhou.