O crescimento econômico da China deve recuperar para 8,1% este ano, impulsionado por fortes exportações e uma recuperação gradual no consumo das famílias, apesar das incertezas sobre a pandemia do coronavírus, disse um relatório do Banco de Desenvolvimento Asiático na quarta-feira.

Economistas do banco atribuíram o boom econômico à melhoria do mercado de trabalho, ao restabelecimento da confiança do consumidor e à liberação da demanda doméstica reprimida. A taxa de crescimento anual do PIB é projetada em 5,5% em 2022.

Com a recuperação da economia, o consumo voltará a ser o principal motor do crescimento este ano, seguido pelo investimento no setor manufatureiro, de acordo com Dominik Peschel, chefe da unidade econômica da missão residente do ADB na China.

O banco previu que a inflação ao consumidor deverá ser moderada para 1,5 por cento este ano, antes de recuperar para 2,3 por cento em 2022, devido à queda no preço da carne suína.

Na Ásia, o número de novas infecções por COVID-19 aumentou rapidamente em relação à semana anterior, com um número maior de mortes. Isso pode ter lançado uma sombra sobre a recuperação econômica da região, disse David Chao, estratega de mercado global, Ásia-Pacífico (ex -Japão) na Invesco.

Os novos surtos de COVID-19 demonstram que a pandemia ainda é uma ameaça, que poderá potencialmente ser o maior risco negativo pesando sobre as perspetivas, geralmente positivas, da Ásia. O crescimento da região prevê uma recuperação para os 7,3 por cento em 2021, e de 5,3 por cento em 2022, disse o relatório do ADB.

Em contraste, a China continua experimentando uma normalização econômica， à medida que os esforços de contenção são mantidos e as vacinações aumentam, de acordo com os especialistas.

Dada a recuperação econômica persistente e o bom momento de crescimento, Teh-han Chow, CEO da Grande China do Fonterra Co-operative Group, disse ao China Daily que vê uma forte demanda do consumidor por produtos lácteos este ano, o que consolidou a estratégia da empresa para desenvolver ainda mais o mercado chinês.

Alex Wong, gerente nacional da Silver Fern Farms, um processador de carne vermelha líder e promotor de mercado na Nova Zelândia, disse que a empresa está comprometida em promover as exportações para a China, para atender à demanda do consumidor por produtos de carne vermelha de qualidade premium.

Com o desenvolvimento do comércio China-Nova Zelândia e o rápido crescimento econômico da China, a nação tornou-se gradualmente o mercado internacional mais importante para a Silver Fern Farms.

Com o levantamento das restrições relacionadas à pandemia em várias partes do mundo, a demanda por bens de consumo deverá aumentar, fazendo com que as exportações de mercadorias da China superem as importações em 2021.

Enquanto isso, o grande plano de estímulo nos Estados Unidos ajudará a impulsionar a demanda global, bem como as exportações da China, especialmente de produtos manufaturados, segundo o economista da ADB, Peschel.

Este ano, o Banco Popular da China, o banco central do país, provavelmente orientará o crescimento do crédito principalmente por meio de ajustes de liquidez, e os cortes direcionados na taxa de depósito compulsório continuam sendo uma opção para fornecer aos bancos qualificados fundos adicionais para empréstimos, disse o relatório do ADB.

Estabilidade financeira

"A política monetária provavelmente priorizará a estabilidade financeira em maior medida, especialmente no que diz respeito a imóveis e ao financiamento bancário paralelo", acrescentou.

Em termos de política fiscal, o apoio à economia provavelmente será reduzido gradualmente este ano, e a receita fiscal deverá melhorar em linha com o maior crescimento econômico, disse o banco.

No entanto, potenciais riscos financeiros deverão ser evitados, especialmente no setor bancário, disse na quarta-feira Qi Wen, economista associado e analista estatístico da unidade de economia da missão residente do ADB na China.

O relatório da ADB sugere que este ano, a fim de enfrentar os potenciais desafios e salvaguardar a estabilidade financeira, os reguladores financeiros da China poderão precisar de melhorar a gestão de empréstimos inadimplentes, consolidar o setor bancário de maneira ordenada e fortalecer a capitalização dos bancos comerciais como amortecedor para absorver choques.