É "extremamente irresponsável" decisão japonesa de despejar águas residuais nucleares, dizem especialistas

Fonte: Xinhua    20.04.2021 09h50

Especialistas chineses condenaram a decisão unilateral do Japão de despejar águas residuais nucleares no mar, chamando-a de "extremamente irresponsável".

O despejo de águas residuais resultantes do acidente da usina nuclear de Fukushima no mar não é a única opção do Japão, disse Liu Senlin, pesquisador do Instituto de Energia Atômica da China.

A decisão unilateral do Japão de lançar as águas residuais no oceano é extremamente irresponsável, disse Liu. A escolha, que envolve o menor custo econômico para o Japão, foi tomada antes de buscar um consenso com a comunidade internacional e seus interessados, e antes de esgotar todas as opções disponíveis.

De acordo com Liu, existem várias outras opções para a eliminação das águas residuais, incluindo enterrá-las no subsolo ou evaporá-las no ar, mas o Japão simplesmente optou pelo plano mais barato.

"A decisão passa a responsabilidade que deveria ser do próprio Japão para o mundo todo, estabelecendo um péssimo precedente", observou.

É do Estado a responsabilidade final de garantir a segurança da gestão do combustível irradiado e dos resíduos radioativos, disse ele, citando a Convenção sobre Segurança Nuclear e a Convenção Conjunta sobre o Gerenciamento Seguro de Combustível Irradiado e dos Rejeitos Radioativos.

A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, da qual o Japão é signatário, também exige que os Estados contratantes tomem todas as medidas necessárias para garantir que a poluição decorrente de incidentes ou atividades sob sua jurisdição ou controle não se espalhe para além das áreas onde exercem direitos soberanos.

O Japão deve implementar medidas prudentes de uma maneira que assuma a responsabilidade por seu próprio povo e pela comunidade internacional, disse Liu, acrescentando que deve escolher a melhor maneira de descartar as águas residuais nucleares com a participação e supervisão dos intervenientes.

Também é duvidoso se as águas residuais tratadas do Japão realmente atendem aos padrões de descarte, disse Zhao Chengkun, um especialista da Associação de Energia Nuclear da China.

Em 31 de dezembro de 2019, 73% das águas residuais nucleares ainda excediam os padrões para descarte do Japão após o tratamento por um sistema avançado de processamento de líquidos (ALPS) capaz de remover a maioria dos contaminantes, de acordo com um relatório de uma organização que pesquisa o tratamento de águas residuais do acidente nuclear de Fukushima.

Além disso, a Tokyo Electric Power Company, a operadora que lida com as águas residuais do acidente nuclear de Fukushima, tem um histórico de encobrir e falsificar informações, observou Zhao.

Liu Xinhua, pesquisador do Ministério da Ecologia e Meio Ambiente, acrescentou que há uma diferença fundamental entre as águas residuais do acidente da usina nuclear de Fukushima e os efluentes líquidos da operação normal de usinas nucleares em termos de fonte, tipo de radionuclídeo e dificuldade de processamento.

Os resíduos líquidos descartados após o acidente da usina nuclear de Fukushima contêm radionuclídeos e elementos de transurânio extremamente tóxicos, como plutônio e américo. No entanto, os efluentes líquidos descarregados normalmente de usinas nucleares não entram em contato direto com os pellets de combustível e mal têm os elementos de transurânio, explicou Liu à Xinhua.

(Web editor: Beatriz Zhang, Renato Lu)

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