O médico americano Anthony Fauci, líder da força-tarefa contra a pandemia nos EUA, concedeu recentemente uma entrevista à BBC News Brasil onde revela preocupação com o descontrole do número de infetados por Covid-19 no país sul-americano.

Para conter a situação, que se tem vindo a alastrar pelo resto do continente americano, Fauci enfatiza a importância do aumento do ritmo de vacinação e a implementação de lockdowns.

Voz crítica da ausência deste tipo de medidas mais drásticas durante o mandato de Donald Trump, Fauci foi alvo de intenso debate público. Na sua opinião, os lockdowns têm demonstrado eficácia a conter o número de casos, sendo que “o Brasil deveria pensar e considerar seriamente, dado o período tão difícil que está passando”, afirmou.

O governo de Jair Bolsonaro, porém, tem se mostrado irredutível contra a aplicação destas medidas, algo que Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, reiterou recentemente.

Sem referir a liderança brasileira, Fauci voltou a advertir para os perigos de cometer os erros dos EUA. "Negar a gravidade do surto nunca ajuda. Na verdade, muitas vezes piora a situação (...) Para controlar uma epidemia, você precisa admitir que tem um problema sério. Depois de admitir que tem um problema sério, você pode começar a fazer as coisas para resolvê-lo", disse na entrevista à BBC.

Referindo casos como a Nova Zelândia e Singapura, onde foram tomadas medidas de confinamento, Fauci insiste que “não precisa fazer um lockdown sem prazo pra acabar, mas, se restringir a circulação e garantir que todos usem máscara, você não terá pessoas se reunindo em ambientes fechados como em restaurantes e bares, e isso diminui o número de casos”.

O Brasil está sendo afetado pela variante P1 da Covid-19, que apresenta forte capacidade de contágio entre seres humanos.

O médico deixou, contudo, uma mensagem de esperança, assim que seja garantido o fornecimento suficiente de vacinas: “Acho que se você levar as vacinas ao povo brasileiro, as coisas vão melhorar com certeza. Isso é o que importa. Você tem que conseguir controlar (o contágio) com medidas de saúde pública, além de levar o máximo de vacina o mais rápido possível para o povo brasileiro”.