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Há espaço para uma cooperação ainda maior entre Brasil e China, diz embaixador brasileiro

Fonte: Diário do Povo Online    15.03.2021 15h46

Fu Yuanyuan e Lu Yang

“Temos especial interesse em compreender quais serão os rumos definidos para a área de ciência, tecnologia e inovação, para o desenvolvimento urbano e para a agricultura”, disse o embaixador brasileiro na China, Paulo Estivallet de Mesquita, em uma entrevista exclusiva com o Diário do Povo Online.

Em termos do 14º Plano Quinquenal e as metas de longo prazo para 2035, anunciados pelo governo chinês em 12 de março, Paulo Estivallet afirmou que isso estabelecerá marcos para o desenvolvimento econômico para a China nos próximos anos, e o Brasil quer entender como a estratégia de dupla circulação na economia irá funcionar na prática e como poderá aproveitar as novas oportunidades que serão abertas pelo governo chinês.

No dia 25 de fevereiro, a China declarou a "vitória total" na luta do país contra a pobreza absoluta. Um total de 98,99 milhões de pessoas afetadas pela pobreza nas áreas rurais do país assistiram a uma melhoria nas suas condições de vida. “O Brasil considera muito positivo o marco de erradicação da pobreza extrema atingido pela China em 2020”, disse o embaixador. Segundo ele, o Brasil também possui sólida rede de políticas sociais como Programa Bolsa Família e tem se esforçando em investir em ações de combate à pobreza.

“Uma das principais lições da experiência de sucesso da China no combate à pobreza é sobre a importância de se priorizar investimentos em infraestrutura como política pública direcionada a populações vulneráveis”, assinalou, destacando que a cooperação entre a China e outros países em desenvolvimento nessa área seria uma das formais mais promissoras para contribuir com a redução da pobreza mundial.

Enquanto à cooperação em saúde, o embaixador apontou que a mobilização mundial passa, em primeiro lugar, pelas medidas sanitárias no plano interno de cada país, mas também encontra na cooperação entre os países um dos seus principais sustentáculos.

Ele ressaltou que o Brasil e a China vêm trabalhando de forma conjunta desde o início da pandemia, quando doações de materiais, como máscaras e outros itens, contribuiram para a fase inicial da resposta anti-epidêmica.

A cooperação sino-brasileira assumiu dinâmica importante no campo das vacinas, uma vez que os dois principais imunizantes que estão sendo distribuídos pelo sistema de saúde brasileiro são parcialmente produzidos na China. A Anvisa e a NMPA, as agências sanitárias do Brasil e da China, respectivamente, assinaram um Memorando de Entendimento para agilizar a troca de informações e realizar atividades conjuntas, segundo o diplomata brasileiro.

“Adicionalmente, empresas dos dois países também têm tido importante colaboração no desenvolvimento de vacinas e na realização de ensaios clínicos, em trabalho que seguirá ao longo de 2021 e, possivelmente, em anos vindouros”, considerou.

Na área de recuperação de economia pós-pandemia, o embaixador avalia que os novos desafios impostos pela Covid-19 reforçam a importância da solidariedade e da cooperação entre os países.

No ano passado, marcado pela crise econômica decorrente da pandemia da Covid-19, a China foi a única das grandes economias a registrar crescimento. O diplomata brasileiro indicou que o processo de desenvolvimento econômico da China apresenta reflexos positivos para a economia global. Além disso, os recentes encontros entre os presidentes Jair Bolsonaro e Xi Jinping mostraram que há espaço para uma cooperação ainda maior entre os dois países.

Por fim, Paulo Estivallet apontou que o Brasil e a China mantêm um bom relacionamento, em especial no plano econômico, baseado na busca de benefícios mútuos derivados da complementaridade das nossas economias. “Nosso foco concentra-se também na recuperação das nossas economias, com a ampliação e diversificação do comércio bilateral e dos fluxos de investimento.” 

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