O novo padrão de desenvolvimento de "dupla circulação" da China será consagrado na estrutura do próximo 14º Plano Quinquenal (2021-25), de acordo com vários economistas e especialistas.
Zhang Yansheng, pesquisador-chefe do Centro de Intercâmbio Econômico Internacional da China, disse que a ideia de desenvolvimento de dupla circulação se tornará um dos pivôs do 14º Plano Quinquenal, colocando em destaque a nova solução da China para coordenar o desenvolvimento doméstico e garantir uma maior abertura na nova era.
O novo padrão de desenvolvimento, que considera o mercado interno como o esteio econômico do país, o qual é complementado com o comércio internacional, reflete uma grande mudança na formulação da política econômica da China, disse Zhang.
O padrão é visto como uma direção chave para os formuladores de políticas na elaboração do projeto econômico para os próximos cinco anos.
As propostas para o 14º Plano Quinquenal estão sendo discutidas na Quinta Sessão Plenária do 19º Comitê Central do Partido Comunista da China, que começou em Beijing na segunda-feira e terminará na quinta-feira. O encontro prevê também a revelação das metas de desenvolvimento do país nos próximos anos até 2035.
Zhang disse que o próximo período assinala os primeiros cinco anos na jornada do país em direção à construção de um país socialista moderno até 2049. O novo padrão de desenvolvimento ajudará a China a consolidar um sistema completo de oferta e demanda doméstica, atendendo à crescente necessidade da população por uma vida melhor.
"Internamente, a China se concentrará em atender às necessidades das pessoas, bem como em impulsionar a inovação tecnológica para criar novos motores de crescimento", disse Zhang. “Do lado externo, a China continuará a expandir a abertura e a construir um sistema econômico aberto a novos patamares. Sob o novo padrão de desenvolvimento, a China abrirá mais suas portas ao mundo, em vez de simplesmente buscar um desenvolvimento interno de autossuficiência”.
Mais esforços serão aplicados para impulsionar a demanda doméstica, estimular o consumo, abrir mais indústrias - incluindo a financeira - para investidores estrangeiros e obter uma vantagem importante na competição global.
Wang Changlin, presidente da Academia de Pesquisa Macroeconômica da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, disse que a nova iniciativa econômica da China não visa buscar o isolamento sob o modelo de circulação doméstica, uma vez que enfatiza a abertura da economia.
Após anos de desenvolvimento, a China está avançando da fase de depender mais das redes econômicas internacionais para um novo estágio de complementação entre as redes econômicas domésticas e internacionais, disse Wang.
Além disso, a China tem agora condições para construir novos modos de desenvolvimento com recurso ao apoio do mercado interno, forte capacidade inovadora, financiamento adequado, sistema de apoio industrial completo e recursos humanos abundantes, acrescentou Wang.
"A economia chinesa registrou uma recuperação mais forte do que o esperado, apesar de enfrentar uma situação complicada tanto a nível doméstico como externo durante a pandemia de Covid-19, demonstrando a sua resiliência, vitalidade e espaço de manobra."
O PIB da China cresceu 0,7 por cento durante os primeiros três trimestres, ficando positivo depois de 1,6 por cento negativo no primeiro semestre, de acordo com o Gabinete Nacional de Estatística.
Pony Ma, presidente e CEO da gigante da Internet Tencent Holdings Ltd, disse que o novo padrão de desenvolvimento de dupla circulação oferece à empresa novas oportunidades de competir nos mercados doméstico e global.
"Vamos atrair talentos globais e criar um ecossistema de inovação que integre empresas, universidades e institutos de pesquisa, nos esforçando para nos tornarmos um elo entre redes nacionais e internacionais", disse Ma.
Clarke Murphy, CEO da empresa global de pesquisa e avaliação de executivos Russel Reynolds Associates, disse que a empresa prevê um enorme potencial no mercado chinês, tendo em consideração o considerável progresso que o país fez na prevenção e controle da pandemia do coronavírus.
"Acho que esse interesse em aprender novas formas de fazer as coisas revigorou executivos e empresas chinesas, bem como empresas não chinesas que investem na China", disse Murphy. "O fato de a China criar mais mercados e mais segmentos da indústria para investimento estrangeiro, será encorajador para os investidores globais."
Murphy disse que a empresa tem grande confiança no mercado chinês nos próximos anos.
