Paciente é transportado em Manaus, uma das cidades mais atingidas pelo coronavírus — Foto: Reuters |
A cidade brasileira de Manaus (capital regional do Amazonas, norte do país), um dos epicentros da pandemia do novo coronavírus (COVID-19) teria conseguido a imunidade de rebanho contra o vírus, com até 66% de sua população tendo desenvolvido anticorpos para o vírus, segundo um estudo.
Realizado por pesquisadores de 34 universidades de vários países, o estudo indica que entre 44% e 66% dos habitantes de Manaus desenvolveram anticorpos contra a COVID-19, após analisar amostras de um banco de doadores de sangue.
Para os pesquisadores, a elevada taxa de mortalidade em Manaus e a rápida queda no número de novos casos sugere que a capital do Amazonas pode ter alcançado a imunidade de rebanho -- situação na qual um número suficiente de pessoas em um determinado lugar já foi infectado ou imunizado contra uma doença e consegue evitar a circulação dela.
Os autores do estudo apontam que, diferente do sarampo, por exemplo, que necessita que 95% da população esteja vacinada para alcançar a imunidade de rebanho, no caso da COVID-19 ainda se desconhece qual o mínimo de pessoas infectadas para conseguir a imunidade coletiva.
"Imunidade de rebanho é o valor em que você tem um número de pessoas que já pegaram a doença que faz com que o número de casos caia, o que não quer dizer que as outras pessoas não vão pegar a infecção", explica a pesquisadora Ester Sabino, autora sênior do estudo e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Quando a imunidade de rebanho acontece, mesmo aquelas pessoas que não podem ser vacinadas -- no caso de doenças para as quais existe uma vacina -- ficam protegidas da doença.
Segundo Sabino, cerca de 30% da população de Manaus ainda é vulnerável ao vírus. "As pessoas podem se infectar? Podem, mas provavelmente vai ser em formato menor. Mas isso depende de quanto tempo dura essa imunidade. Hoje, a chance de ter uma grande epidemia como a que ocorreu no começo do ano é pouco provável", destacou a pesquisadora.
Segundo o último boletim disponível, pelo menos 2.462 pessoas morreram em Manaus, vítimas da COVID-19, e 47.599 foram infectadas.