Chefe da ONU considera COVID-19 um divisor de águas para paz e segurança internacionais

Fonte: Xinhua    04.09.2020 14h33

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse aos líderes mundiais na quarta-feira que a pandemia de COVID-19 se tornou um divisor de águas para a paz e segurança internacionais.

O mundo "entrou em uma nova fase volátil e instável" em termos do impacto de COVID-19 na paz e segurança, disse o chefe da ONU em um encontro virtual com líderes mundiais.

DIVISOR DE ÁGUAS

Falando em uma de várias reuniões internacionais entre chefes de estado para aprimorar a cooperação global na luta contra o terrorismo e o extremismo violento, como parte do Processo de Aqaba, o secretário-geral da ONU disse que a pandemia é mais do que uma crise de saúde global.

O Processo Aqaba é uma iniciativa lançada em 2015 na cidade jordaniana de mesmo nome pelo rei da Jordânia, Abdullah II, para fortalecer a cooperação internacional contra o extremismo violento e o terrorismo.

"É um divisor de águas para a paz e segurança internacionais", disse o chefe da ONU, enfatizando que o processo pode desempenhar um papel fundamental na "promoção da unidade e alinhamento do pensamento" sobre como combater a pandemia.

As reuniões, realizadas por teleconferência, abordaram os desafios de segurança emergentes à luz da pandemia de COVID-19 e as formas de enfrentá-los, além de formas de unificar e integrar esforços entre todas as partes interessadas para enfrentar as ameaças de terrorismo e extremismo.

Esta rodada de reuniões contou com a participação dos presidentes da Nigéria, Filipinas, Quênia e Bulgária, e os primeiros-ministros do Canadá, Bulgária e Albânia, além dos secretários-gerais da ONU e da Interpol e do secretário-geral adjunto da OTAN.

LUZES DE AVISO

Guterres disse no encontro virtual que o coronavírus expôs a fragilidade básica da humanidade, realçou desigualdades sistêmicas enraizadas e levou ao centro das atenções os desafios geopolíticos e as ameaças à segurança.

"As luzes de alerta estão piscando", disse ele, enfatizando que, como o vírus está "exacerbando injustiças, minando a coesão social e alimentando conflitos", também é provável que "atue como um catalisador na disseminação do terrorismo e do extremismo violento".

Além disso, as tensões internacionais estão sendo impulsionadas por interrupções na cadeia de suprimentos, protecionismo e nacionalismo crescente, com aumento do desemprego, insegurança alimentar e mudanças climáticas.

SOLIDARIEDADE GLOBAL

A pandemia destacou vulnerabilidades a ameaças emergentes, como bioterrorismo e ataques cibernéticos em infraestruturas críticas.

"O mundo enfrenta graves desafios de segurança que nenhum país ou organização pode enfrentar sozinho", disse Guterres, acrescentando que "há uma necessidade urgente de unidade e solidariedade global".

Relembrando a Semana Virtual Contra-Terrorismo da ONU em julho, ele lembrou que os participantes pediram um "compromisso revigorado com o multilateralismo para combater o terrorismo e o extremismo violento".

No entanto, a falta de cooperação internacional para enfrentar a pandemia tem sido "surpreendente", disse Guterres, destacando o interesse nacional, o compartilhamento de informações transacionais e as manifestações de autoritarismo.

PESSOAS EM PRIMEIRO LUGAR

O chefe da ONU destacou a necessidade das pessoa serem colocadas em primeiro lugar, aumentando o compartilhamento de informações e a cooperação técnica "para evitar que terroristas explorem a pandemia para seus próprios objetivos nefastos" e pensando em "soluções de longo prazo ao invés de soluções de curto prazo".

"Isso inclui a defesa dos direitos e necessidades das vítimas do terrorismo... (e) o repatriamento de combatentes terroristas estrangeiros, especialmente mulheres e crianças, e seus dependentes para seus países de origem", observou ele.

RECUPERAÇÃO PÓS-COVID

O secretário-geral também discursou na Cúpula do Centenário da Organização Internacional de Empregadores (OIE) sobre como a cooperação dos setores público e privado pode ajudar a impulsionar a mudança pós-COVID.

Ele elogiou as "contribuições significativas" da OIE para a formulação de políticas globais para o progresso econômico e social, a criação de empregos e um ambiente de negócios mutuamente benéfico, chamando-a de "um pilar importante da Organização Internacional do Trabalho (OIT) desde seus primeiros dias".

"Hoje, nossa principal tarefa é derrotar a pandemia e reconstruir vidas, meios de subsistência, negócios e economias", disse ele na cúpula virtual.

Na recuperação, ele ressaltou que os trabalhadores e as pequenas empresas devem ser protegidos e que todos devem ter a oportunidade de mostrar seu potencial.

COOPERAÇÃO TRIPLA

O chefe da OIT, Guy Ryder, destacou a necessidade de decisões políticas conscientes e cooperação tripla para superar os desafios transformacionais, como as mudanças tecnológicas e climáticas, bem como o COVID-19.

Ryder também sinalizou que os empregadores devem continuar colaborando no diálogo social e manter seu compromisso com o multilateralismo e com a OIT.

O OIE representa mais de 50 milhões de empresas e é um parceiro-chave no sistema multilateral internacional por mais de 100 anos como a voz das empresas na OIT, na ONU, nos países mais ricos do G20 e em outros fóruns emergentes.

(Web editor: Beatriz Zhang, Renato Lu)

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