Detido por soldados amotinados, presidente do Mali renuncia

Fonte: Xinhua    21.08.2020 16h14

O presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, atualmente detido por soldados amotinados no campo militar de Kati, uma cidade perto de Bamaco, anunciou na noite de terça-feira sua renúncia e a dissolução da Assembleia Nacional e do governo do primeiro-ministro, Boubou Cisse.

“Decidi deixar minhas funções, todas as minhas funções a partir deste momento... Declaro a dissolução da Assembleia Nacional e do governo”, disse Keita em uma breve declaração transmitida pela televisão nacional ORTM.

"Não desejo que sangue seja derramado para me manter no poder", disse ele, acrescentando que "não tinha ódio" de ninguém.

Os líderes do golpe militar disseram na quarta-feira que decretariam uma transição política e promoveriam eleições dentro de um "prazo razoável".

O Comitê Nacional para a Salvação do Povo (CNSP) “decidiu assumir a responsabilidade perante a população e a história”, disse Ismael Wague, o subchefe do Estado-Maior da Força Aérea de Mali, em uma transmissão de televisão estatal.

A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a União Africana, a União Europeia e a Organização das Nações Unidas, juntamente com a França, condenaram na tarde de terça-feira a detenção de Keita por soldados amotinados do Mali e exigiram a restauração da ordem constitucional, afirmando que eles não aceitariam uma chave de força inconstitucional.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, pediu na terça-feira a restauração imediata da ordem constitucional e do Estado de Direito no Mali depois que o presidente do país foi preso.

A CEDEAO emitiu um comunicado na terça-feira à noite, ameaçando sancionar os autores do motim.

No comunicado, a CEDEAO anunciou a sua decisão de suspender a adesão do Mali e pediu aos seus membros que fechassem as fronteiras e suspendessem todas as ligações financeiras com o país.

Na manhã de terça-feira, foram ouvidos tiros em Kati.

Uma fonte do Ministério da Defesa disse que um oficial teria aproveitado a manifestação matinal para incitar os soldados à revolta.

Durante meses, a coligação de oposição Movimento 5 de Junho - Comício de Forças Patrióticas (M5-RFP) organizou manifestações para exigir a renúncia de Keita, acusando-o de ser o responsável pelo agravamento da situação de segurança no norte do país e pela recessão econômica de Mali.

O golpe ocorreu quando o M5-RFP na terça-feira começou uma semana de "atividades contínuas" de protesto em Mali para forçar Keita a renunciar. Keita foi eleito presidente de Mali pela primeira vez em 2013 e reeleito para outro mandato de cinco anos em 2018.

Em 2012, um golpe militar que derrubou o ex-presidente Amadou Toumani Touré poucos meses antes do fim de seu mandato, também começou com um motim no campo militar de Kati.

(Web editor: Beatriz Zhang, editor)

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