A prática do Ministério da Saúde do Brasil de deixar publicar o número total de casos confirmados no país causou indignação, em meio ao profundo aumento de novos casos que se tem verificado. Anteriormente o presidente Bolsonaro havia já ameaçado retirar o país da OMS, seguindo o encalço dos EUA. O portal brasileiro UOL referiu no dia 6 que a “maquiagem” se havia tornado a nova estratégia contra a epidemia.

Na tarde do dia 6, o Brasil havia acumulado 27,000 novos casos diagnosticados e 904 mortes nas 24 horas anteriores: cumulativamente, mais de 672846 casos foram diagnosticados no país, sendo este o segundo caso mais grave no mundo, com 35930 mortes.

O Ministério da Saúde deixou de relatar o número acumulado de casos confirmados e de mortes desde o dia 5 sem qualquer justificação, anunciando apenas os novos casos. O Correio Braziliense escreveu que o staff do referido ministério estava “assustado”.

À medida que o número de surtos no país dispara, Bolsonaro tem pressionado o Ministério da Saúde a alterar a forma como os dados são divulgados.

Bolsonaro disse entretanto que o número cumulativo de casos não reflete a atual situação do Brasil. O governo adotou o novo modelo para, segundo as fontes, evitar a inconsistência das informações estatísticas.

A divulgação das estatísticas oficiais da epidemia no Brasil tem sido constantemente alvo de atrasos. A G1 avisou inicialmente que o Ministério da Saúde iria emitir as informações pelas 17h diariamente, depois foi adiado para a 19h e, por fim, quase sempre saíram às 22h nos últimos dias. A justificação dada pelo Ministério refere motivos “técnicos”, mas o UOL avança que este atraso tem por finalidade evitar que os números sejam abordados no Jornal Nacional da noite, um dos programas com mais audiência no país.

A Associação Brasileira de Imprensa avaliou que, como a situação epidemiológica do Brasil piorou, a única escolha para o governo Bolsonaro passou a ser tornar as notícias difíceis de obter.

Embora o governo Bolsonaro tenha sido criticado por sua resistência, ele declara repetidamente que lamenta as mortes, mas que “é o destino de todo mundo”. Além disso, o presidente tem ameaçado abandonar a OMS. Trump afirmou alegadamente que o Brasil está seguindo o modelo sueco.